Agentes de saúde são arma contra violência doméstica na zona leste de SP
Projeto encabeçado pelo MP capacitou 160 mulheres para informar e ajudar mulheres na Cidade Tiradentes. Em dois anos, 140 mil pessoas foram atendidas
Publicado 18/12/2015 - 08h33
Ponte Jornalismo – Um projeto que nasceu há dois anos na Cidade Tiradentes, extremo leste de São Paulo, capacitou 160 agentes comunitárias de saúde para contribuir com a prevenção e/ou enfrentamento à violência doméstica contra mulheres. Por meio do Grupo de Enfrentamento à Violência Doméstica (Gevid), do Ministério Público de São Paulo (MP-SP), essas agentes, que visitam as casas da região para prestar apoio, estão estrategicamente preparadas para espalhar informações sobre violência de gênero, sobre a Lei Maria da Penha, mecanismos de proteção e redes de atendimento, além de acompanhar as vítimas caso seja necessário.
O MP afirma que, no começo de 2014, eram poucas as mulheres que tinham o conhecimento da Lei Maria da Penha, por exemplo. Passados dois anos, 140 mil pessoas, em 35 mil lares, tiveram acesso a essa entre outras informações de prevenção e de ajuda contra a violência. A idealizadora do projeto “Prevenção da Violência Doméstica com a Estratégia de Saúde da Família”, a promotora de Justiça Fabíola Sucasas Negrão Covas, afirma que “foram as potencialidades de Cidade Tiradentes, com suas mazelas e com suas mulheres fortes, que ajudaram fazer do projeto um sucesso”.
“Muito discutimos nesses dois anos. Refletimos sobre a realidade de Cidade Tiradentes, sobre suas implicações territoriais, vulnerabilidades, família, relações íntimas de afeto, machismo, violência contra a mulher. Em Cidade Tiradentes há um mundo capaz de transformar”, diz Fabíola. “Lidar com violência contra a mulher não é apenas lidar com um estigma cultural arraigado, o machismo. É mexer com sentimento, é mexer com a construção de uma vida. É lidar com o meio social, com a maleficência das drogas, com a omissão estatal. É lidar com a dor”, complementa.
Para Claudia Maria Afonso de Castro, da Coordenadoria-Regional de Saúde Leste, as agentes comunitárias da saúde que participaram do projeto serão para sempre reconhecidas como as agentes que mudaram a vida das mulheres de Cidade Tiradentes. “Ficamos felizes que uma ação dessa grandeza esteja aqui para mudar pessoas a lidar com um tema tão delicado: a violência doméstica”, disse. Durante o evento de apresentação do projecto, realizado no último dia 11, no Ceu Inácio Monteiro, todas as agentes de saúde se reuniram para mostrar alguns exemplos dos trabalhos realizados.
Confira abaixo o vídeo produzido pelo MP-SP que faz um balanço sobre os dois anos do projeto: