Dilma diz que crise econômica ‘surpreende’ e anuncia corte de ministérios
Presidenta admitiu que impactos da crise foram além do esperado e antecipa planos de reforma administrativa como gesto político para buscar retomada da credibilidade
Publicado 25/08/2015 - 09h55
São Paulo – A presidenta Dilma Rousseff anunciou ontem (24), em entrevista aos jornais Estado de S. Paulo, Folha de S.Paulo e O Globo, que planeja promover uma reforma administrativa para conter gastos do governo, o que inclui cortar dez ministérios, além de extinguir cerca de mil cargos de confiança do Executivo. “Vamos passar todos os ministérios a limpo”, afirmou.
Se efetivada, a medida vai reduzir das atuais 39 para 29 o número de ministérios. Dilma não especificou quais pastas pretende cortar – antes dela, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, que no início da tarde de ontem já anunciara os planos do governo, também deixou a pergunta sem resposta.
“Quero tornar eficiente o gasto. E nem o PT será poupado do corte”, disse a presidenta, reconhecendo que as medidas poderão causar complicações políticas.
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Segundo os jornais, Dilma admitiu que o governo foi surpreendido pela gravidade a que chegou a crise econômica do país. “Nós não imaginávamos que teria uma queda da arrecadação tão profunda. Ninguém imaginava.”
A presidenta também manifestou preocupação com o desemprego – e enumerou medidas já tomadas sobre o tema – e a inflação, mas ressaltou que os preços estão em “trajetória de queda”, acompanhando a queda dos preços do petróleo e das commodities.
Dilma avaliou o dia de ontem, marcado por intenso nervosismo no mercado financeiro, puxado pela queda da bolsa chinesa, o que por sua vez levou junto as demais bolsas asiáticas – refletindo a perda de ímpeto da economia da China e a consequente redução de demanda, com impacto nos preços internacionais. “Você terá um ‘efeito China’ bastante acelerado. Todo mundo pensa que é só commodities (que a China importa). Não é só”, afirmou.
No campo político, Dilma comentou a saída do vice-presidente. Michel Temer, da articulação política. Ela ressaltou sua lealdade e disse que Temer cumpriu importante função na articulação política, em especial na aprovação do ajuste fiscal.
Questionada sobre corrupção, a presidenta disse aos jornais que “não se deve esperar virtude das pessoas, e sim das instituições”. Em relação às operações realizadas pela Polícia Federal e pelo Ministério Público,afirmou: “Quanto mais rápidas e mais efetivas, melhor”.