volatilidade

Queda de ações na China tem impacto em todo o mundo

Mercado de ações na China experimenta maior queda diária em oito anos, com menos 8,5%; 'É hora de apertar os cintos', afirma o correspondente da 'RBA' Flávio Aguiar

Ars Electronica, Flickr, Creative Commons

Maior oscilação negativa em oito anos no pregão chinês impacta mercado financeiro mundial

São Paulo – As bolsas do mundo todo foram impactadas hoje (24) pela queda no pregão de Shanghai. O mercado de ações da China viu a maior queda diária em oito anos, um recuo de 8,5%. A oscilação negativa alcançou rapidamente as bolsas de Tóquio (-4,61%), Seul (-2,47%) e Sydney (-4,09). O índice Bovespa, em São Paulo, iniciou os trabalhos com queda de 6%.

A economia chinesa vem apresentando sinais de instabilidade, como explica o correspondente de Berlim, Flávio Aguiar, em sua coluna desta segunda-feira para a Rádio Brasil Atual. “Em julho, foi registrada uma queda de 8,3% nas exportações do país. Isso fez com que o governo lançasse uma desvalorização em sua moeda.”

A intervenção governamental buscava trazer maior competitividade aos produtos de exportação do país. Um efeito colateral, porém, tomou conta do mercado financeiro. “Isso provocou um amedrontamento da população, que vendeu suas ações antes de elas rebaixarem ainda mais. Isso acarreta grandes perdas financeiras”, diz o colunista.

A fuga registrada pelas bolsas chinesas pode ter relação com o fato de que existem 90 milhões de investidores amadores no país. Este fator acaba tornando o mercado de ações instável.

Reflexos mundiais

O cenário turbulento não fica restrito aos mercados da Ásia e Oceania. “Somente na Europa, o jornal britânico Daily Telegraph estimou que as 300 maiores companhias do continente chegaram a perder cerca de € 230 bilhões”, afirma Aguiar.

“A crise deve chegar nos Estados Unidos, e com ela a queda nos preços dos commodities, incluindo o petróleo. Isso certamente deve afetar o Brasil”, analisa. A recuada nas bolsas é a maior registrada desde a crise de 2008, que “arrastou boa parte das economias mundiais para o buraco e ajudou a criar a austeridade que está derrubando a Europa.”

As adversidades no cenário político brasileiro podem ganhar peso com a queda do valor do petróleo. “Isso estimula a retórica das oposições no Brasil, dizendo que a Petrobras está quebrada e sem credibilidade. Isso não é verdade no cenário internacional”, diz. “Sabe-se que quedas nos lucros da estatal – que são melhores do que a maioria das companhias petrolíferas do mundo – foram provocadas por quedas nos preços dos barris de petróleo”, completa.

Impactos no Brasil

O ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, manifestou-se com otimismo acerca da queda nas bolsas do mundo. Após reunião de coordenação política no Palácio do Planalto, afirmou: “Nós temos um elevado estoque de reservas internacionais, que dá ao Brasil segurança e capacidade para enfrentar a flutuação cambial”.

O coordenador-geral de Operações da Dívida Pública do Tesouro Nacional, José Franco Medeiros de Morais, em pronunciamento hoje, disse que 80% da dívida pública federal está na mão de investidores locais, o que é um “fator de segurança adicional”. “Sempre que, por alguma razão, falha a demanda de não residentes, há uma local, que pode perfeitamente compensá-la.” Esse aspecto sugere maior estabilidade perante crises externas.

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Com informações da Agência Brasil

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