Haddad promete diálogo para fazer revisão do projeto Nova Luz
Prefeito eleito também afirma que soluções para ocupações em São Paulo serão pensadas em conjunto com movimentos sociais
Publicado 30/10/2012 - 18h23
Com o argumento da revitalização, a gestão de Gilberto Kassab (PSD) pretende privatizar o bairro da Luz (Foto: Gerardo Lazzari. Arquivo RBA)
São Paulo – O prefeito eleito em São Paulo no último domingo (28), Fernando Haddad (PT), irá assumir a prefeitura já com um compromisso polêmico: revisar o Projeto Nova Luz, que privatiza um bairro inteiro no centro da cidade com a promessa de revitalização. Para cumprir o acordo firmado em agosto com comerciantes e moradores da região, que garantiu a ele vitória no bairro de Santa Ifigênia no segundo turno, o petista promete diálogo com todos os envolvidos no projeto.
Sem entrar em profundas explicações sobre a revisão do Nova Luz, Haddad afirmou que a reformulação não pode ser feita “sem que o poder público promova o diálogo entre diferentes entidades e regule a atividade privada”. O projeto prevê, entre outras ações, transferir a gestão de 45 quadras do bairro da Luz à iniciativa privada e desapropriar e demolir 50% da área compreendida no perímetro formado pela rua Mauá e as avenidas São João, Ipiranga, Cásper Líbero e Duque de Caxias.
O prefeito eleito considerou que o projeto atual errou em não ouvir moradores e comerciantes do bairro. “O que ocorreu com o Nova Luz foi isso: foi promovido sem ouvir os comerciantes do local, por exemplo. Quando a prefeitura cumpre o seu papel, não inibe o investimento: faz com que gere resultados positivos para o cidadão. E nós faremos isto, ouviremos todos os interessados e desenhando coletivamente um projeto para a região”, afirmou por e-mail à reportagem da RBA.
A Associação de Moradores do Bairro Santa Ifigênia tentou, nos últimos 14 meses, frear o projeto com quatro sugestões de liminares, sendo uma via Ministério Público, uma via Defensoria Pública, uma Ação Civil Pública e uma Ação Popular. Todas foram derrubadas pela prefeitura em segunda instância e o projeto segue normalmente.
“No sede do projeto e na Secretaria de Desenvolvimento Urbano eles dizem que o projeto continua e que será licitado. Nosso medo é que isso aconteça e force o novo prefeito a continuar com o projeto sem que ele faça uma revisão”, afirma o presidente da associação, Antonio Santana. “Essa postura é um contrassenso. Por um lado [Gilberto] Kassab (PSD) afirma que está preparando uma equipe de transição para entregar a cidade e de outro tenta continuar um projeto que já compromete a nova gestão”.
Dois problemas, mesma solução
A Rede Brasil Atual também questionou o novo prefeito sobre as 11 ocupações que ocorreram na cidade na madrugada de domingo para segunda. A solução apontada veio pelo mesmo caminho: “Vamos dialogar com os movimentos para encontrar soluções em conjunto. Iremos atuar para evitar despejos, reintegrações de posse e outras formas de remoções forçadas de moradores, promovendo antes negociações e diálogo com os segmentos envolvidos”, afirmou Haddad.
Em seu projeto de governo, o petista se comprometeu a construir 55 mil casas populares, porém o déficit habitacional no município é de 226 mil moradias, de acordo com a atual prefeitura. Para tentar contornar a diferença, ele se comprometeu a expandir o programa federal Minha Casa, Minha Vida em São Paulo e a construir novas moradias no centro.
“Daremos prioridade à parceria com o governo federal para que o programa Minha Casa, Minha Vida esteja presente com vigor na nossa cidade. Ao mesmo tempo, daremos incentivos à construção de novas moradias no centro, mas com uso misto do espaço. O subsolo, o térreo e o primeiro andar podem servir para uso comercial, inclusive estacionamento, o que ajuda a reduzir os custos da moradia”, afirmou por e-mail.
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