Movimento promete manter pressão sobre gestão Haddad em São Paulo

Frente de Luta por Moradia continuará a pressionar a prefeitura por compromisso que ainda está no papel

Famílias ainda esperam desapropriações de 50 prédios que servirão como moradia popular. (Marcelo Camargo/ABr)

São Paulo – Não é possível ainda fazer projeções ou análises para as políticas habitacionais da próxima gestão da prefeitura. Essa é a opinião do coordenador do movimento Frente de Luta por Moradia (FLM), Osmar Silva Borges, que ocupou 11 prédios em São Paulo na madrugada da segunda-feira (29). Segundo ele, as invasões não tiveram nenhuma relação com as eleições, que se deram no dia anterior e o movimento dará continuidade à suas ações, sem depender da mudança de governo. “Ainda irá se formar a equipe de transição, mas independente disso queremos discutir quem serão os interlocutores que irão dialogar com os movimentos sociais”, disse em entrevista à Rádio Brasil Atual.

Borges explica que as ações da FLM serão de continuidade, sempre procurando mostrar que existe um compromisso – não cumprido – da gestão Gilberto Kassab (PSD) de desapropriação de prédios que atenderiam 2.500 famílias. “Vemos as promessas acontecendo durante a campanha eleitoral e não houve resultado. Dos 53 prédios prometidos, três foram desapropriados de fato e um está em reforma”, diz.

Cerca de 40 mil domicílios no centro e centro expandido da cidade estão vazios, segundo o coordenador da FLM. “É um número bastante razoável que poderia diminuir muito o déficit de moradia na cidade”. Para ele, estes locais poderiam ser um ponto de partida para que a prefeitura interviesse e os transformasse em moradia popular. A especulação imobiliária é apontada por Borges como um dos motivos da falta de compromisso por parte da prefeitura. “Isso depende de ousadia e de vontade política de querer mexer com a especulação imobiliária. É necessário que se busque uma negociação com proprietários de imóveis vazios na região central, seja de forma amigável ou através de meios legais, que são os processos de desapropriação.”

Em relação às ocupações que foram iniciadas na segunda-feira, Borges explica que alguns representantes da Secretaria de Habitação visitaram alguns dos locais propondo diálogo com a prefeitura. “Nós nos colocamos à disposição, o papel da frente é esse, sempre ter o diálogo buscando soluções”, diz. Apesar disso, ele não é otimista quanto às ações que ainda podem ser realizadas na atual gestão. “Não vamos conseguir resolver em menos de dois meses todos estes impasses de quatro anos com o secretário de habitação. Mas não podemos voltar à estaca zero no próximo governo”, diz. 

Mais uma vez, ele lembra da continuidade das propostas do movimento. “Precisamos fazer com que se mantenha o compromisso de entrega das moradias para as famílias e que estes prédios continuem sendo objetos de análise e estudo do próximo prefeito.”

Ouça aqui a entrevista de Osmar Silva Borges.