Portal garante acesso a informações por pessoas com deficiência

Site inclusivo reúne mecanismos que permitem que deficientes visuais ouçam um texto escrito e surdos leiam transcrições. ONGs pretendem montar cartilha para melhorar acessibilidade de outras páginas

Um portal com conteúdo todo voltado a pessoas com deficiência foi lançado na quarta-feira (24) em São Paulo (SP). O Vida Mais Livre (endereço abaixo) reúne, por exemplo, mecanismos que permitem a deficientes visuais ouvir reportagens escritas e que os deficientes auditivos leiam transcrições de aúdios e vídeos. Recursos de zoom e navegação por meio de teclado para pessoas com dificuldade motora e de leitura também estão disponíveis.

Simone Freire, sócia fundadora da Espiral Interativa – uma agência de comunicação de São Paulo que se propõe a desenvolver projetos alternativos de comunicação -, explica que a proposta surgiu a partir do desejo de trabalhar em uma iniciativa que trouxesse um “retorno-cidadão”.

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“De alguma forma, queríamos contribuir para a criação de uma sociedade menos individualista e mais colaborativa, por meio da internet, que é o nosso business“, explica Simone.

Segundo dados do Censo Demográfico-2000 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 27 milhões de brasileiros possuem algum tipo de deficiência. Isso quer dizer que 14,5% da população brasileira encara uma série de limitações para navegar e se comunicar pela internet.

“Isso acontece principalmente porque a maioria dos sites não é construída utilizando as recomendações para a acessibilidade do W3C – comunidade internacional que determina padrões para Web”, explica Rodrigo Leme, coordenador de projetos da agência.

A iniciativa é uma parceria da Espiral Interativa e o Instituto Mara Gabrilli. Os internautas contam com reportagens especiais sobre políticas públicas, dicas de lugares acessíveis e entrevistas com especialistas. O portal também favorece a troca de informações e experiências entre familiares, amigos e profissionais interessados em temáticas relacionadas.

Simone comenta que o trabalho mais árduo é a realização técnica já que a internet se modifica muito rápido e é necessário tomar cuidado para não inserir elementos que possam atrapalhar a navegação. “Se uma pessoa que não está acostumada com o tema entrar no portal , vai achar interessante, com um visual clean, links diferentes. Só que todo o trabalho está realmente por trás, não é visível aos nossos olhos. É toda a preocupação com o conteúdo e as linhas de código”, esclarece.

Um exemplo de falta de acessibilidade são as imagens. Ao navegar em um site com uma imagem, o mais comum é o arquivo ser nomeado em padrões como “imagem03”. O recomendado seria descrever a foto, o que permite a um deficiente visual absorver o conteúdo por meio de um sistema que “lê” o texto.

Mara Gabrilli, vereadora (PSDB-SP) e fundadora do Instituto que leva seu nome, é parceira do projeto e também colunista do portal. “É um lançamento inédito, e a gente quer que cada vez mais possamos nutrir o dia a dia de cada um”, defende.

Cadeirante e ativista pelos direitos das pessoas com deficiência, Mara aponta a necessidade de se quebrar “barreiras cibernéticas”. “É importante que os internautas tragam o próprio desejo de informação, o que eles precisam e dessa forma se construir um portal extremamente estratégico para a necessidade real do internauta”, complementa.

A vereadora pretende criar ainda uma cartilha ensinando o passo-a-passo de como tornar um site acessível. “Queremos também ajudar as pessoas a ampliar a visualização de seus sites por deficientes. Vivemos na pele esse problema, achamos sites que não são acessíveis e isso é por falta de informação”, pondera.

O portal já pode ser acessado e conta com perfis no YouTube, Orkut, Facebook, Twitter e o Google Buzz. O endereço é http://www.vidamaislivre.com.br/.