Nova polarização é ‘opção entre democracia e autoritarismo’
Para cientista político Cláudio Couto, substituição do PSDB na disputa com o PT remete à emergência do neofascismo no Brasil, resultado de um centro à direita que passou a ser mais conservador, em detrimento da democracia
Publicado 24/09/2018 - 15h37
Cláudio Gonçalves Couto destaca a participação da mídia, que difundiu discurso de ódio contra a política, sobretudo contra políticos de esquerda
São Paulo – As pesquisas eleitorais têm apontado uma “tendência curiosa” na avaliação do cientista político e coordenador do Mestrado Profissional em Gestão e Políticas Públicas da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Cláudio Gonçalves Couto, por contrariar a histórica polarização entre os partidos PT e PSDB ou ainda, entre esquerda e centro direita, colocando na disputa os candidatos Fernando Haddad (PT) e Jair Bolsonaro (PSL).
Isso porque, segundo Couto, o espectro da direita vem assumindo, como um fenômeno internacional, aspectos fascistas que delimitam ainda mais as diferenças ideológicas destas eleições. “Se trata de uma opção entre democracia e autoritarismo”, afirma Couto em entrevista nesta segunda-feira (24) aos jornalistas Glauco Faria e Marilu Cabañas, na Rádio Brasil Atual.
O cientista político analisa essa substituição do centro político, com PSDB e MDB principalmente, como uma consequência da disputa pelo poder por vias democráticas, respeitando as regras, mas também pela sabotagem destituída do papel moderador, com o episódio máximo no questionamento feito pelo então candidato à Presidência em 2014, Aécio Neves (PSDB), aos resultados da eleição de Dilma Rousseff (PT).
“Criou um ambiente propício para a emergência de uma candidatura neofascista como a de Bolsonaro”, explica Couto, acrescentando o discurso midiático como um outro promotor do processo de ódio à política e do popular “contra tudo o que está aí”.
O cientista político adverte também sobre a escolha dos deputados, considerada tão importante quando a eleição de um presidente.