Pesquisa: crime de ‘saidinha de banco’ provoca 30 mortes em 2012

Levantamento da Contraf e da Confederação de Vigilantes indica 57 mortes em ocorrências envolvendo bancos em 2012, com São Paulo, Bahia e Rio de Janeiro no topo da lista

Para a Contraf, o estudo mostra necessidade dos bancos assumirem a responsabilidade pelos crimes(Foto: Celso Luiz/Sindicato dos Bancários de SP)

São Paulo – Pesquisa divulgada hoje (10) mostra que 57 pessoas morreram em assaltos envolvendo bancos em 2012. Os números reunidos pela Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) e pela Confederação Nacional dos Vigilantes (CNTV) representam 8 vítimas a mais que em 2011, com uma média de quase cinco assassinatos por mês. Na comparação com 2010, quando foram registradas 23 mortes, houve crescimento de 147,8%.

O crime de “saidinha de banco” foi novamente o mais comum, com 30 ocorrências, duas a menos que no levantamento anterior. O assalto a correspondentes bancários, que são agências que funcionam dentro de outras estruturas, respondeu por 9 mortes, quatro a mais que em 2011 e uma a mais que o assalto às agências em si. No transporte de valores morreram cinco pessoas, e no abastecimento de caixas eletrônicos outras três.

Por unidade da federação, São Paulo ocupa novamente o topo da lista, com 15 casos, seguido por Bahia, com oito, Rio de Janeiro, com sete, Ceará e Paraná, com quatro óbitos cada, e Alagoas e Rio Grande do Sul, cada um com quatro ocorrências. 

A maior parte das vítimas foram clientes (33, 58% do total), seguidos por de vigilantes (9, 15,8%) e policiais (6, 10,5%). Quatro pedestres e dois bancários também morreram. “Essas mortes são preocupantes e comprovam o descaso e a carência de investimentos dos bancos na proteção da vida de trabalhadores e clientes, bem como revelam a fragilidade da segurança pública diante da falta de policiais e viaturas nas ruas e ações de inteligência para evitar ações criminosas”, diz o presidente da Contraf-CUT, Carlos Cordeiro, em nota publicada pela entidade. 

Segundo dados do Dieese, cinco maiores bancos investiram em segurança de janeiro a setembro R$ 2,2 bilhões, o que representa 6,03% dos lucro líquido somado. O Bradesco foi o que injetou a menor fatia, de 0,32% sobre um lucro de R$ 8,61 bilhões, acompanhado do Itaú Unibanco, que dispensou para a prevenção de ocorrências do tipo 0,38% de um total de R$ 10,10 bilhões. 

Para a Contraf, o estudo reforça a necessidade de que os bancos assumam a responsabilidade pelos crimes ocorridos dentro das agências e nos arredores, relacionados a saques e a outras operações financeiras. “É preciso evitar a ação dos olheiros na hora do saque de clientes nos bancos, através de medidas como a instalação de biombos entre a fila de espera e os caixas, e de divisórias individualizadas entre os caixas, inclusive os eletrônicos”, avalia Cordeiro. “Proibir o uso do celular nos bancos é uma medida ineficaz, pois não impede a visualização das operações”, salienta.

Outra medida sugerida é a isenção de tarifas de transferência de recursos como forma de reduzir a circulação de dinheiro. “Além disso, é fundamental a colocação de portas de segurança com detectores de metais antes do autoatendimento, câmeras internas e externas de monitoramento em tempo real nos espaços de circulação de clientes, e vidros blindados nas fachadas”, acrescenta o presidente Confederação dos Vigilantes, José Boaventura Santos.Boaventura.

A pesquisa anual levantou pela primeira vez informações sobre gênero e faixa etária das vítimas. Homens representam 93% das vítimas, 53 de 57, com quatro mulheres entre os casos. Por faixa etária não se nota uma diferença significativa. 19,3% das vítimas com idade identificada tinham entre 41 e 50 anos, ao passo que 15,8% tinham entre 31 e 40 anos, mesmo percentual das vítimas até 30 anos.