Partidos iniciam articulação para formar blocos a partir de 2011

Rollemberg quer reedição do “Bloquinho” do início do segundo mandato de Lula, com partidos de centro-esquerda da base governista (Foto: Rodolfo Stuckert/Agência Câmara) Rio de Janeiro – Os partidos políticos […]

Rollemberg quer reedição do “Bloquinho” do início do segundo mandato de Lula, com partidos de centro-esquerda da base governista (Foto: Rodolfo Stuckert/Agência Câmara)

Rio de Janeiro – Os partidos políticos representados no Congresso Nacional terão, a partir do início da nova legislatura em fevereiro de 2011, uma oportunidade ímpar para reaglutinar suas forças na Câmara e no Senado. O crescimento dos partidos médios de esquerda e centro-direita que farão parte da base de apoio da presidente eleita Dilma Rousseff, assim como o encolhimento dos partidos que compõem a oposição, apontam para a formação de blocos que podem resultar até mesmo na criação de novos partidos nos próximos anos.

Para fazer frente aos maiores partidos (PT com 88 deputados e 14 senadores e PMDB com 79 deputados e 20 senadores) na disputa pelos cargos nas mesas diretoras e nas comissões permanentes da Câmara e do Senado, é praticamente certo que os partidos médios se reúnam em blocos parlamentares. A primeira movimentação neste sentido já foi feita pelo PDT (28 deputados e quatro senadores), que manifestou o desejo de formar um bloco de centro-esquerda com PSB (34 deputados e três senadores), PCdoB (15 deputados e dois senadores) e PRB (oito deputados e um senador).

Eleito senador pelo Distrito Federal, o líder do PSB na Câmara, Rodrigo Rollemberg, avalia que os quatro partidos têm identidade política. “Isso foi demonstrado ao longo da atual legislatura. Estivemos juntos durante os dois primeiros anos e o PDT saiu no fim do segundo ano, mas os outros continuaram em bloco”, explica. A articulação ficou inicialmente conhecida como “Bloquinho”, por reunir partidos médios da base governista. A formação vigorou em 2007 e 2008.

“A nossa atuação conjunta garante uma participação de maior qualidade nas comissões temáticas. Portanto, a formação do bloco é uma questão a ser analisada”, reconhece, em entrevista ao site da Câmara. Além de Rollemberg, devem coordenar os entendimentos entre os quatro partidos no Senado os senadores Cristovam Buarque (PDT-DF), Inácio Arruda (PCdoB-CE) e Marcelo Crivella (PRB-RJ). Na Câmara, farão parte das negociações os deputados federais Jandira Feghali (PCdoB-RJ), Alexandre Cardoso (PSB-RJ) e Vieira da Cunha (PDT-RS), entre outros.

A maior oposição à formação do bloco de centro-esquerda deve acontecer na Câmara. Não virá da oposição, mas da própria base aliada, pois a formação de um bloco parlamentar de apoio à Dilma que superaria em número de deputados à bancada do PMDB – e talvez a do PT – não é vista com bons olhos por algumas lideranças, sobretudo entre os peemedebistas.

Ao centro

Também estão em fase de entendimentos para a formação de um bloco parlamentar no Congresso Nacional os partidos médios de centro-direita, como o PR (41 deputados e quatro senadores), o PP (42 deputados e cinco senadores) e o PTB (21 deputados e seis senadores). O presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson, saudou a possível formação do bloco: “Temos tudo para atuar com sucesso em conjunto. Este pode ser o embrião para a formação de um novo partido de centro no futuro”, disse.

Entre essas legendas, as negociações para a formação de um bloco parlamentar estão sendo conduzidas na Câmara por deputados como Sandro Mabel (PR-GO), Jovair Arantes (PTB-GO) e João Pizzolatti (PP-RS). No Senado, tomam parte nas negociações os senadores Francisco Dornelles (PP-RJ), Alfredo Nascimento (PR-AM) e Gim Argello (PTB-DF).

Definição ideológica

No campo da oposição ao futuro governo Dilma, as negociações para a formação de um bloco parlamentar entre PSDB (53 deputados e onze senadores), DEM (43 deputados e seis senadores), PPS (doze deputados e um senador) e PV (14 deputados e nenhum senador) dependem basicamente de os tucanos que, assim como os ex-comunistas, parecem enfrentar um dilema ideológico em qualificar ou não a união como sendo de centro-direita.

A pressão para que o bloco assuma definitiva e conceitualmente o papel de oposição de direita vem do DEM, que enxerga aí o caminho para a formação de um novo partido no futuro. “Estas eleições demonstraram que o espaço político de centro-direita existe e tem respaldo em parte da sociedade. É preciso ocupá-lo com clareza”, afirma o ex-prefeito do Rio de Janeiro, Cesar Maia, uma das lideranças do partido.

O presidente nacional do DEM, deputado federal reeleito Rodrigo Maia (RJ), vai pelo mesmo caminho: “O DEM deve ter a coragem de expor com clareza as teses que defende, solidificando-se como legenda de centro-direita”, diz.

A idéia demista de um bloco parlamentar assumidamente de centro-direita, no entanto, não está sendo bem recebida por boa parte dos aliados. “Diga o que disser o Cesar Maia, o fato é que eu não sou de direita”, posicionou-se o deputado federal reeleito Otávio Leite (PSDB-RJ), cotado para ser o candidato da oposição à presidência da Câmara.

Presidente nacional do PPS, Roberto Freire também rechaçou a idéia: “O DEM busca ocupar um espaço na sociedade que é conservador, de centro-direita. O nosso caso é de uma oposição à esquerda”, disse.