Copom vê recuperação gradual e prega cautela na política de juros

Perspectivas da economia são favoráveis, diz ata divulgada hoje. Mas nova 'flexibilização monetária' deve ser feita com parcimônia

São Paulo – Ao divulgar a ata de sua 167ª reunião, realizada na semana passada, quando a taxa básica de juros atingiu o menor nível da história (8,5% ao ano), o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central vê perspectivas favoráveis para a economia, ainda que em ritmo lento e de forma distinta entre os setores de atividade. Também observa que a retração, no Brasil, foi maior do que se esperava. “O processo de moderação em que se encontrava a economia brasileira já no primeiro semestre do ano passado foi potencializado pela fragilidade da economia global”, diz a ata. “O Copom pondera, entretanto, que, embora a expansão da demanda doméstica também tenha moderado, são favoráveis as perspectivas para a atividade econômica neste e nos próximos semestres, com alguma assimetria entre os diversos setores.”

Em relação aos juros, o Comitê voltou a afirmar que qualquer redução tem de ser cautelosa. “Mesmo considerando que a recuperação da atividade vem ocorrendo mais lentamente do que se antecipava, o Copom entende que, dados os efeitos cumulativos e defasados das ações de política implementadas até o momento, qualquer movimento de flexibilização monetária adicional deve ser conduzido com parcimônia”, afirma. Nas últimas sete reuniões, houve redução da taxa básica, que perdeu quatro pontos percentuais. A próxima será realizada em 10 e 11 de julho.

Na análise, os diretores do BC sustentam a expectativa de atividade econômica mais intensa na “expansão moderada da oferta de crédito” tanto para pessoas físicas como jurídicas e no nível elevado de confiança, principalmente de consumidores. Para o Copom, a atividade doméstica continuará sendo favorecida pelas política de transferências públicas de renda e “pelo vigor do mercado de trabalho”.

A avaliação é de que a inflação acumulada em 12 meses “tende a seguir em declínio”, deslocando-se “na direção da trajetória de metas” – o centro da meta, fixado pelo Conselho Monetário Nacional, é de 4,5%, com margem de dois pontos percentuais. Essa tendência de redução da inflação, avalia o Copom, deve melhorar “as expectativas dos agentes econômicos, em especial das dos formadores de preços”. Como de hábito, manteve o parágrafo em que se mostra preocupado com o “risco” da concessão de aumentos salariais “incompatíveis com o crescimento da produtividade e suas repercussões negativas sobre a dinâmica da inflação”.

Além de afirmar que a desaceleração da economia brasileira no segundo semestre de 2011 foi maior do que se previa e que a recuperação tem sido “bastante gradual”, o Copom observa que “eventos recentes indicam postergação de uma solução definitiva para a crise financeira europeia”. Isso mantém um ambiente econômico com nível de incerteza “muito acima” do comum. Mas também faz com que a contribuição do setor externo seja “desinflacionaria” para o Brasil.

O Comitê acredita que a demanda doméstica será “robusta”, principalmente com o consumo das famílias, “em grande parte devido aos efeitos de fatores de estímulo, como o crescimento da renda e a expansão moderada do crédito”. Esse ambiente deverá prevalecer neste e nos próximos semestres, sob efeito das medidas de estímulo implementadas pelo governo. Mas também aponta um cenário de contenção das despesas do setor público.