No primeiro ano de governo Dilma, PIB fica aquém da média de Lula e supera a de FHC

Economia brasileira cresceu 2,7% em 2011, refletindo a crise externa e medidas de contenção adotadas pelo governo. Consumo das famílias aumentou pelo oitavo ano seguido. Indústria de transformação fica estagnada

São Paulo – No primeiro ano do governo Dilma Rouseff, o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 2,7%, abaixo da média dos governos Lula (4%) e acima do período FHC (2,3%). O resultado de 2011, divulgado hoje (6) pelo IBGE, foi determinado pelo crescimento de 3,9% da agropecuária, 2,7% dos serviços e 1,6% da indústria – a indústria de transformação praticamente não variou (0,1%). O valor totalizou R$ 4,143 trilhões. O PIB per capita alcançou R$ 21.252, variação de 1,8%.

A despesa de consumo das famílias cresceu 4,1%, no oitavo ano seguido de expansão, somando R$ 2,499 trilhões. Já a despesa da administração pública subiu 1,9%. A Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), um indicador de investimento, aumentou 4,7%.

No setor externo, as exportações cresceram 4,5% e as importações, 9,7%. Segundo o IBGE, contribuiu para esse quadro a valorização do real – a taxa de câmbio passou de R$ 1,76 (média em 2010) para R$ 1,67. 

A taxa de investimento atingiu 19,3% do PIB, abaixo do ano anterior (19,5%). E a taxa de poupança passou de 17,5% para 17,2%. O Valor Adicionado a preços básicos aumentou 2,5% e os Impostos sobre Produtos, líquidos de subsidios, cresceram 4,3%.

Contenção

Em 2010, a economia brasileira havia crescido 7,5%, maior taxa dos últimos 25 anos. As previsões iniciais para 2011 variavam entre crescimento de 4% e 5%, mas a crise externa e a ameaça de aumento da inflação foram fatores que influenciaram o PIB do ano passado – o governo adotou medidas de contenção que diminuíram o ritmo da economia, com alguma recuperação apenas nos últimos meses. No quarto trimestre, a PIB cresceu 0,3% sobre o terceiro e 1,4% na comparação com igual período do ano anterior.

Na indústria, os destaques foram os setores de eletricidade e gás, água, esgoto e limpeza urbana (3,8%), construção civil (3,6%) e extrativo mineral (3,2%).  Na indústria de transformação (0,1%), o IBGE destacou a influência da redação do Valor Adicionado em artigos de vestuário, plástico, metalúrgica, máquiinas e automóveis.

Na agropecuária, o instituto atribuiu o resultado (expansão de 3,9%) ao aumento da produção de várias culturas e a ganhos de produtividade. “Influenciada pelas condições climáticas favoráveis, a agricultura brasileira apresentou safra recorde de cereais, leguminosas e oleaginosas em 2011 (159,9 milhões de toneladas), tendo como destaque as seguintes culturas: algodão (72,6%), fumo (22,0%), arroz (19,0%), soja (9,2%) e mandioca (7,3%).”

Em serviços (expansão de 2,7%), os destaques ficaram com serviços de informação (4,9%) e intermediação financeira e seguros (3,9%). O comércio cresceu 3,4%. “Ao longo de todo o ano de 2011, o crescimento da população empregada e da massa real de salários, ao lado da expansão do crédito ao consumo, sustentaram o crescimento das vendas no comércio, principalmente o varejista, em ritmo superior ao registrado pela atividade industrial”,  destacou o IBGE.

As previsões do mercado para o crescimento da economia em 2012 se mantêm há quatro semanas em 3,3%. O governo acredita que a expansão poderá superar 4%.