Senado aprova projeto que cria Comissão da Verdade

Trabalhos deverão apurar violações dos direitos humanos em nome do Estado brasileiro que tenham sido cometidos entre os anos de 1946 e 1988

Senadores comemoram aprovação da lei que cria a Comissão da Verdade, aguaradando apenas a sanção presidencial (Foto: Moreira Mariz/ Agência Senado)

São Paulo – Em votação simbólica encerrada na noite da quarta-feira (26), por unanimidade, o plenário do Senado aprovou o Projeto de Lei da Câmara (PLC) 88/2011, que cria a Comissão Nacional da Verdade. A matéria segue agora para sanção da presidenta Dilma Rousseff. Segundo o PL, a comissão deverá examinar e esclarecer violações de direitos humanos – entre eles crimes de tortura e assassinato cometidos em nome do Estado brasileiro – que tenham sido praticadas entre 1946 e 1988, ano da promulgação da atual Constituição.

O objetivo, diz a proposta, é “garantir o direito à memória e à verdade histórica e promover a reconciliação nacional”. A comissão aprovada vem sendo duramente criticada por ativistas de direitos humanos do país, que entendem que ela já nasce enfraquecida em suas atribuições e sem o objetivo claro de punir os responsáveis pelas violações.

A votação no Senadocontou com a presença da ministra de Direitos Humanos, Maria do Rosário e de parentes de vítimas da ditadura. O parecer favorável ao projeto foi lido pelo relator, Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), ele mesmo exilado político no período da ditadura militar.

O texto prevê a criação de uma comissão com a participação de sete membros indicados pela presidenta da República, Dilma Rousseff, com suporte administrativo e financeiro da Casa Civil. Pessoas que atuam como dirigentes de partidos políticos são impedidos de integrar a nova comissão.

O projeto estabelece também que funcionários públicos civis e militares serão obrigados a colaborar com os trabalhos de esclarecimento dos fatos que vierem a ser apurados pela comissão. Também poderão ser solicitadas perícias, mas a comissão não terá qualquer poder punitivo em relação aos crimes que já foram anistiados ou prescritos.

Nunes, em seu discurso, enfatizou a expectativa de que a comissão leve “ao esclarecimento dos fatos”, fundamental, disse, para o fortalecimento da democracia brasileira. “Qualquer que seja o resultado da Comissão da Verdade, a ferida não se fechará. Mas que nós possamos, no trabalho da Comissão, encontrar uma resposta sobre mistérios com os quais nós convivemos e que não podem subsistir na plenitude da democracia.”

Com informações da Agência Brasil e Agência Senado

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