DENÚNCIA DA PGR

Câmara inicia rodada de 40 horas de discussões sobre denúncia contra Temer

Sessão da CCJ movimenta parlamentares desde início do dia. Bancadas insistem em troca de cadeiras e base aliada diz ter entre 39 e 41 votos. Oposição diz que votos pró presidente não chegam a 30

Luis Macedo / Câmara dos Deputados

Reunião da CCJ da Câmara, semana passada. Comissão se prepara para iniciar debate sobre denúncia contra Temer

Brasília – Em uma semana legislativa que começa tumultuada, a Câmara dos Deputados vive movimentação atípica nesta segunda-feira (10). A expectativa é de que a leitura do relatório sobre a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra Michel Temer por corrupção passiva, a ser feita no início da tarde pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ), resulte num debate que pode chegar a 40 horas. Isso porque o presidente da comissão, Rodrigo Pacheco (PMDB-MG), autorizou que todo o colegiado possa se manifestar a respeito. A previsão é de votação final do relatório, em função dos vários discursos, apenas na tarde de quinta-feira (13) ou manhã de sexta-feira (14). Enquanto isso, em paralelo, as mesas diretoras da Câmara e do Senado discutem se haverá ou não recesso parlamentar.

Em meio às discussões, continuam as contas de votos favoráveis e contrários à admissibilidade da denúncia contra o presidente. O deputado Carlos Marun (PMDB-MS), que tem sido um dos porta-vozes da base do governo, diz que, depois de reuniões diversas feitas no Palácio do Jaburu neste final de semana, Temer espera entre 39 a 41 votos pela rejeição da denúncia – são necessários 34 votos para a rejeição.

Já a oposição afirma que aproximadamente 30 votos serão favoráveis a Temer. Por outro lado, há 11 parlamentares que se dizem da base do governo mas sobre os quais ainda há dúvidas sobre como vão se posicionar.

A avaliação feita pela maior parte dos parlamentares é que, sabendo-se que a denúncia será votada no plenário da Câmara independentemente do resultado da votação na CCJ, o período que se inicia será um termômetro para o que vier a acontecer daqui por diante.

Dependerá do tom do relatório a ser apresentado pelo relator escolhido, o deputado Sergio Zveiter (PMDB-RJ) – que segundo pessoas próximas será favorável à denúncia e contrário a Temer –, do tom da defesa do presidente, do teor de um relatório substitutivo a ser apresentado pela base governista e, mais ainda, dos discursos a serem feitos por parlamentares da oposição.

Articulações intensas

“Não temos dúvida, o clima é de expectativa, mas minha avaliação é que não tem mais jeito. Dentro de poucos dias o presidente do país não será mais Michel Temer”, disse um peemedebista que preferiu não se identificar.

“Vamos derrubar esse presidente ilegítimo. Ao contrário do impeachment da ex-presidenta Dilma Rousseff, o que há aqui é um caso grave de corrupção passiva, com provas. Votar pela rejeição da denúncia é o mesmo que desmoralizar o Congresso Nacional e o país”, afirmou o deputado Alessandro Molon (Rede-RJ).

No início da tarde, DEM, PDT, PPS, PP, PMDB e PSB se reuniram na tentativa de conciliar a troca de cargos dos integrantes da CCJ por suplentes, a pedido do Planalto.

O PSDB continua sendo o grande mistério da votação, já que os tucanos ficaram de se reunir hoje, em São Paulo, para decidir se permanecem ou deixam de vez o governo. Por volta do meio-dia, o deputado Betinho Gomes (PE) disse que prevê um debate intenso, pela constatação clara de divisão entre os tucanos e pela situação de fragilidade de Temer.

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