Woody Allen exibe cartões-postais de Roma em filme desigual

Woody Allen dirige elenco antes de gravar cena de novo filme, em Roma (©divulgação) Depois do brilhante “Meia-Noite em Paris”, Woody Allen filma em outra capital europeia – no caso, […]

Woody Allen dirige elenco antes de gravar cena de novo filme, em Roma (©divulgação)

Depois do brilhante “Meia-Noite em Paris”, Woody Allen filma em outra capital europeia – no caso, a da Itália – e demonstra, no desigual “Para Roma, Com Amor”, que nem sempre acerta, ainda mais realizando um filme por ano. Com elenco formado por estrelas como Penélope Cruz, Alec Baldwin e Roberto Benigni, a produção chegou aos cinemas brasileiros na sexta-feira (29), e é formada por quatro episódios, que possuem em comum apenas o fato de se passarem em alguns dos cartões-postais da cidade. Nem todos os episódios, porém,  tem o brilho que transformaram o norte-americano num dos cineastas mais aclamados do mundo, com um fã-clube que aguarda cada um de seus lançamentos avidamente, lotando o cinema a toda nova estreia.

Sem dúvida, o melhor episódio é estrelado pelo próprio Woody Allen, um fracassado profissional da indústria fonográfica, responsável pela área de música erudita, que não se conforma com o fato de estar prestes a se aposentar e vai com a esposa para Roma para conhecer a família do futuro marido da filha. Típico burguês norte-americano, ele se rebela pelo fato de que ela se casará com um comunista, filho do dono de uma funerária, até que escuta este cantando e enxerga ali um grande talento ainda desconhecido. O italiano Fabio Armiliato está estupendo como um “cantor de chuveiro”.

Outro bom episódio é o que conta com a atriz espanhola Penélope Cruz. Ao invadir por engano um quarto de hotel, ela conhece um jovem do interior da Itália (Alessandro Tiberi) e sua mulher (Alessandra Mastronardi). A mulher sai para cortar o cabelo, se perde na cidade e conhece alguns grande nomes do cinema, enquanto ele tem que se ver com parentes bastante conservadores e fingir que é casado com a fogosa personagem de Penélope Cruz, que, como sempre, dá um show.

Agora começam os problemas. O comediante italiano Roberto Benigni estrela um dos episódios mais fracos. Realizando gagues poucas vezes eficazes, ele interpreta o trabalhador comum Leopoldo Pisanello, que gosta de fazer sempre as mesmas coisas até que, um dia, sem querer, é tomado como uma celebridade e passa a ser perseguido pela imprensa, a qual dá relevância a tudo o que ele diz.

Porém, o pior mesmo é o episódio que conta com Alec Baldwin e Ellen Page. Definitivamente, há aqui um problema de escalação de elenco. Apesar de a garotinha de “Juno” ser uma boa atriz, ela não convence como Monica, atriz que decora frases de almanaque e, com seu charme, consegue enlouquecer todos os homens. Por isso, é impossível acreditar que será capaz de conquistar o jovem estudante de arquitetura Jack (Jesse Eisenberg), namorado da melhor amiga dela (Greta Gerwig) e que encontra, sem querer, na rua o consagrado arquiteto John (Alec Baldwin), o qual passa a aconselhá-lo, como uma espécie de anjo da guarda.

Desse modo, “Para Roma, Com Amor” é um filme bastante desigual e não possui o mesmo encanto de “Vicky Cristina Barcelona”, passado na cidade espanhola; e muito menos de “Meia-Noite em Paris”, ambientado na capital francesa. Mesmo contando com o mesmo fotógrafo deste segundo filme, o iraniano Darius Khondji, que capricha no registro de lugares como o Coliseu, a Fontana di Trevi, a Piazza di Spagna e a Piazza Navona, entre outros.

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