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Indulto ao ex-presidente já era aguardado por analistas no Peru

Rumores de que presidente Kuczynski havia negociado indulto a Fujimori circularam no Parlamento, quando o impeachment foi derrotado na semana passada

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Fujimori: violação de Direitos Humanos custou a vida de 60.000 peruanos durante seu governo

Na madrugada do dia 21 para 22 de dezembro, a oposição ao governo do presidente do Peru, Pedro Paulo Kuczynski, na Câmara de deputados não alcançou o número de votos necessários para destituí-lo. Foram 78 votos a favor do impeachment, 19 contra e 21 abstenções. Para que a proposta de impeachment, apresentada pelos “Fujimoristas” do partido “Força Popular”, fosse aprovada seriam necessários 87 votos, equivalentes a dois terços dos 130 deputados.

O processo de impeachment contra o presidente foi iniciado sob a justificativa de “permanente incapacidade moral” de exercer a presidência do país por ter mentido seguidas vezes sobre recebimento ou não de pagamentos pela empresa Odebrecht. Ele é empresário e também foi ministro durante a presidência de Alejandro Toledo, por sua vez acusado de ter recebido propinas da mesma empresa e que hoje está foragido nos EUA.

Durante sua defesa no plenário do Parlamento, admitiu que apenas prestou serviços profissionais à Odebrecht quando era empresário, mas que não teria recebido propinas. Ele tem minoria entre os deputados, conforme demonstra o número de votos contrários ao impeachment, apenas acrescidos do voto de Kenji Fujimori, filho do ex-presidente, Alberto Fujimori, e irmão de Keiko Fujimori, duas vezes candidata derrotada à presidência pelo “Força Popular”, com quem ele disputa a liderança da direita “Fujimorista”. Há rumores que ele teria negociado um futuro indulto ao pai pelo governo Kuczynski.

A maioria da esquerda no parlamento, representada por parlamentares da “Frente Ampla” se absteve, pois avaliou que apesar da política neoliberal de Kuczynski, seu impeachment favoreceria o retorno dos “Fujimoristas”, tão neoliberais quando ele, ao poder. Porém, a lembrança dos dez anos de governo Alberto Fujimori, a corrupção desenfreada e a violação de Direitos Humanos que custou a vida de 60.000 peruanos devido à repressão política e os combates à guerrilha do “Sendero Luminoso”, ainda está viva na memória de muitos.

Kjeld Jakobsen é consultor em cooperação e relações internacionais da Fundação Perseu Abramo.