Um coadjuvante não tira o brilho da noiva em um casamento

A candidatura petista à prefeitura de São Paulo conquistou um belo trunfo, ao fechar coligação com o PSB e ter como vice-prefeita a deputada Luiza Erundina. Um nome histórico, de […]

A candidatura petista à prefeitura de São Paulo conquistou um belo trunfo, ao fechar coligação com o PSB e ter como vice-prefeita a deputada Luiza Erundina. Um nome histórico, de integridade a toda prova, combativa e respeitada até por adversários. Se fôssemos comparar a política com um conto de fadas, seria como um casamento dos sonhos.

No entanto, houve uma certa tentativa de tirar o brilho da “noiva” por conta do apoio do PP ao pré-candidato petista Fernando Haddad, superestimando consequências. O PP já compõe a base aliada do governo petista federal, conduzindo o Ministério das Cidades, portanto não deveria haver estranhamento nesta aliança. O que causa desconforto é o presidente regional do PP paulista ser Paulo Maluf, pelas razões conhecidas.

Porém é preciso compreender a verdadeira dimensão do fato. Maluf não é um “noivo” nesta cerimônia. O PP federal, hoje, é bem mais forte do que o PP paulistano, que elegeu uma bancada modesta em 2008 (2 vereadores). O próprio Maluf já não foi o deputado federal mais votado na capital paulista em 2010. Ele ficou em segundo, com 275 mil votos (só no município de São Paulo), atrás de Tiririca (com 436 mil votos paulistanos). A terceira mais votada foi Erundina, com 178 mil votos, fazendo uma campanha bem mais modesta que a de Maluf.

Por isso, o PP tem seu peso no horário eleitoral, é um partido bem estruturado em São Paulo, e sua infantaria de candidatos a vereadores em campanha não é desprezível. Mas é um erro imaginar que apenas o PT tem interesse político na aliança, pois o PP paulistano sofreu esvaziamento de seus quadros para o DEM e PSD, que controlam a prefeitura há anos.

Com o PR, PSD e DEM apoiando Serra, o PP ficaria asfixiado naquela coligação. Logo, independentemente de cargos (como a velha imprensa sugere que seja a única coisa em questão), há também o interesse político do PP em disputar eleitores do PSD, DEM e PR, partidos com o mesmo perfil.

Os vereadores do PP serão a única alternativa para o eleitor que, apesar de conservador, votará em Haddad, em uma eleição cujos prognósticos indicam polarização, com o petista em um dos pólos. Portanto, ao PP tornou-se interessante apoiar Haddad por estratégia política, para aumentar sua bancada de vereadores e fortalecer o partido.

Quanto à composição do governo, se vencer, todo mundo sabe que passa pelo resultado nas urnas. Além do apetite que todo partido tem para ocupar espaços no poder, no final das contas o que conta de fato é o tamanho da bancada de vereadores que cada partido da coligação conseguirá eleger.

Além disso, o grande articular político deste apoio no PP está sendo o ministro das Cidades, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), e não só Maluf. Ribeiro articula também apoios em outras cidades.

Por tudo isso, não há razão para petistas se penitenciarem por essa aliança. Afinal, com as regras eleitorais vigentes, é difícil para qualquer candidatura majoritária vencer isoladamente, sem uma frente de alianças que dê certa pluralidade.

Melhor mesmo é comemorar ter o palanque com Erundina ao lado.