Oposição anda para trás na hora se seguir o caminho do dinheiro na CPMI do Cachoeira

Há um enorme esforço na velha imprensa para abortar a CPMI do Cachoeira, antes mesmo de ela ter começado na prática. Agora tentam desacreditá-la, dizendo que vai “acabar em pizza” […]

Há um enorme esforço na velha imprensa para abortar a CPMI do Cachoeira, antes mesmo de ela ter começado na prática. Agora tentam desacreditá-la, dizendo que vai “acabar em pizza” porque, por exemplo, ainda não se justificou quebrar o sigilo bancário da matriz da Delta.

A estratégia oposicionista, abraçada pela velha imprensa, é não seguir o caminho do dinheiro rumo aos políticos, autoridades e jornalistas. Ou seja, é investigar na direção inversa à do crime, blindando Cachoeira e os políticos mais próximos dele, como Marconi Perillo (PSDB) e Demóstenes Torres (DEM). A tática é jogar uma quantidade inviável de informações para investigar de forma a embaralhar a CPMI, para não chegar a lugar nenhum.

Já se sabe pelos relatórios da Polícia Federal que a empreiteira Delta pagou empresas ligadas à turma de Cachoeira. Segundo a PF, a empresa de fachada Pantoja Construções e Transportes, recebeu R$ 26,2 milhões da matriz da Delta. Logo, até aí já se sabe o caminho do dinheiro. Falta saber para onde e para quem foi este dinheiro: se para o bolso de políticos, ou de funcionários corruptos, ou de policiais, juízes, procuradores etc.

Pois a CPMI quebrou o sigilo da Pantoja Construções e Transportes e de diversas outras empresas já identificadas como pertencendo ao esquema Cachoeira, exatamente para seguir o caminho do dinheiro em direção às atividades criminosas. 

Por ora é perda de tempo quebrar o sigilo na ponta da matriz Delta, pois o dinheiro que vem de lá já aparece nestas empresas receptoras que tiveram o sigilo bancário quebrado.

A matriz da Delta deve pagar milhares, talvez dezenas de milhares de fornecedores. Sem ter nenhuma pista, seria como procurar agulha em palheiro tentar identificar empresas ilícitas usadas para transferir dinheiro da corrupção, em meio a tantos fornecedores, a maioria lícitos, pois a empreiteira tem obras e contratos de verdade em 23 estados.

Quem quer quebrar o sigilo da matriz da Delta, neste momento da CPI, quer andar para trás. E quer embaralhar as investigações sobre o esquema Cachoeira. É como perder agulhas em meio ao palheiro de propósito, para dificultar encontrá-las.

Governadores: quem blinda quem?

É razoável, antes de convocar governadores, conhecer bem o conteúdo das operações Vegas e Monte Carlo. Sem isso, qualquer governador vai apenas repetir o que já disse na imprensa. CPMI nunca foi confessionário, onde corruptos e corruptores confessam seus pecados.

E a convocação de governadores neste momento seria meramente política, para desgastá-los. E, à exceção de Marconi Perillo, sobre quem sobram evidências, ainda não há qualquer critério racional para dizer que só três governadores devem ser chamados.

Agnelo Queiroz, do PT, talvez não tenha nada a fazer na CPMI, já que o esquema Cachoeira queria era derrubá-lo. Outros governadores, como Siqueira Campos, do Tocantins (PSDB), podem ter mais a explicar sobre o esquema Cachoeira do que o do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), cujo nome não aparece nem citado, ainda. Se o critério for ter contratos com a Delta, então deve-se convocar o ex-governador de São Paulo, José Serra, o prefeito paulistano, Gilberto Kassab (PSD) e outros.

Ao que parece, quando a oposição fixa a mira em três governadores, está querendo apenas dividir o ônus de Perillo com um governador do PT e outro do PMDB. E blindar os demais.