Convocação de Policarpo Jr à CPMI agora é inevitável

Depois que a mulher de Carlinhos Cachoeira, Andressa, ofereceu a um juiz federal não repassar um dossiê contra ele na revista Veja, em troca da libertação do marido bicheiro, tornou-se […]

Depois que a mulher de Carlinhos Cachoeira, Andressa, ofereceu a um juiz federal não repassar um dossiê contra ele na revista Veja, em troca da libertação do marido bicheiro, tornou-se inevitável convocar o jornalista Policarpo Júnior, diretor da Sucursal da semanal em Brasília, para depor na CPMI.

Segundo a denúncia do juiz, Andressa disse que o autor do dossiê seria ele, Policarpo. Só o fato de Andressa ter produzido evidências de continuidade da parceria Veja-Cachoeira, com interferência na linha editorial com fins escusos, já exige rigorosa apuração.

Mas a Veja reagiu de forma suspeita às notícias que explodiram na, digamos, mídia livre, ontem (30)

Deu na Agência Brasil:

(De Luciana Lima – Repórter da Agência Brasil) Brasília – Na decisão judicial que determinou buscas e o comparecimento de Andressa Mendonça à Polícia Federal hoje (30) em Goiânia, o juiz Mark Yshida Brandão diz que ela usaria como objeto de chantagem um suposto dossiê que seria publicado pelo jornalista Policarpo Júnior, diretor da sucursal da revista Veja em Brasília.

De acordo com o juiz, nesse dossiê, haveria “informações desfavoráveis” ao juiz Alderico Rocha Santos, titular do inquérito que apura as denúncias contra o empresário Carlos Augusto de Almeida Ramos, conhecido Carlinhos Cachoeira, marido de Andressa.

“Narra o magistrado [Alderico Santos] que a requerida [Andressa] noticiou a existência de um dossiê contendo informações desfavoráveis a ele, que seria publicado pelo repórter Policarpo na revista Veja, mas que ela poderia evitar a publicação. Para tal, bastaria que o juiz federal concedesse liberdade ao réu Carlos Augusto de Almeida Ramos e o absolvesse das acusações ofertadas pelo Ministério Público”, destaca o texto do juiz Mark Brandão, diretor do Foro da Seção Judiciária de Goiás, durante o plantão judiciário no domingo (29).

 

(…)

A Agência Brasil entrou em contato com a redação da revista Veja em Brasília e foi informada que o assunto estava sendo tratado pela redação de São Paulo. Em contato com a redação de São Paulo, a Agência Brasil foi orientada a procurar o Departamento Jurídico da revista. Em São Paulo, o Departamento Jurídico disse que nada tem a declarar sobre o assunto.

Ora, uma revista séria simplesmente emitiria nota pública, ou afirmando que não estava fazendo reportagem nenhuma sobre o juiz, ou que estava fazendo uma reportagem cuja publicação só dependeria da veracidade e relevância para o leitor, sem qualquer barganha.

Em vez disso, a revista demorou a se manifestar e quando o fez, fez mal. Primeiro noticiou a detenção de Andressa escondendo a informação do envolvimento do nome de seu funcionário. O portal G1 de Goiás acabou publicando o fato sem cortes, amplamente repercutido em blogs e redes sociais.

Então o blogueiro Reinaldo Azevedo tentou culpar os blogs que ele chama de sujos, e invocar a surrada tese de que tudo não passa de uma conspiração para encobrir o julgamento do “mensalão”, como se não houvesse uma decisão judicial narrando os fatos.

No fim, disse que a revista iria processar “os responsáveis”, sem citar nomes. É curioso a lealdade da revista ao não atacar Andressa, nem Cachoeira, pois em tese, seriam os únicos possíveis responsáveis pela tentativa de chantagear o juiz, se é que a revista não está envolvida de fato.

De novo, o vexame jornalístico ficou por conta da blindagem nos telejornais da TV Globo, que censurou na notícia a citação da revista Veja e seu jornalista Policarpo Jr, mesmo depois do portal G1 de Goiás, pertencente às organizações Globo, ter noticiado sem essa censura.