Força reclama de postura da CUT e afirma ter defendido R$ 560 a partir de consenso

São Paulo – A postura da CUT durante as negociações sobre o salário mínimo na Câmara prejudicou a mobilização das centrais, na avaliação do secretário-geral da Força Sindical, João Carlos […]

São Paulo – A postura da CUT durante as negociações sobre o salário mínimo na Câmara prejudicou a mobilização das centrais, na avaliação do secretário-geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves, o Juruna. Ele afirmou que a proposta alternativa de R$ 560 para o novo mínimo, em vez dos R$ 580 originalmente reivindicados, foi resultado de acordo entre todas as seis centrais reconhecidas pelo Ministério do Trabalho.

Na quarta-feira (16), em seu blog, o presidente nacional da CUT, Artur Henrique, garantiu que a central mantinha a proposta de R$ 580. “Essa iniciativa de rebaixar o valor defendido inicialmente pelo movimento sindical (R$ 580), antes que o governo acenasse com qualquer possibilidade de negociar os R$ 545 em que fincou o pé, foi da Força. A CUT optou por manter a reivindicação original. Se vier um valor intermediário, poderíamos conversar. Mas rebaixar a revindicação, por conta própria, no meio de um processo de negociação, não é das melhores estratégias. E quando você está negociando junto com outras entidades, é preciso respeito ao consenso”, escreveu Artur.

“Tudo o que está sendo feito é acordado com todas as centrais”, disse Juruna. “Essa polêmica prejudica a ação unitária.” Para o dirigente, Artur “não pode rachar o movimento” por causa de possíveis questões internas.

A proposta alternativa começou a ser admitida, conta o secretário-geral da Força, na semana passada. Na última quinta-feira (10), representantes de cinco entidades – Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB), Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Nova Central Sindical dos Trabalhadores (NCST) e União Geral dos Trabalhadores (UGT), além da Força – estavam reunidas para discutir a organização do 1º de Maio.

Os presidentes da CUT e da Força, o deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho (PDT-SP), já haviam conversado em Brasília. Juruna conta ter inclusive recebido uma mensagem de texto no celular do cutista falando sobre a importância de discutir uma outra proposta.

No blog, Artur afirmou que “se a intenção da Força foi, novamente, ganhar espaço em jornais, funcionou”. As centrais devem voltar a se reunir para discutir estratégias para a votação no salário mínimo no Senado.

Procurado nesta quinta-feira (17), Artur afirmou que a possibilidade de discutir uma proposta alternativa estava condicionada, na visão da CUT, a alguma sinalização por parte do governo ou dos partidos da base na Câmara. “Eu disse isso não para o Paulinho, disse isso para a imprensa. Sem sinalização, por que vou abrir mão da minha proposta?”, insistiu.

“O que aconteceu foi que (ao rebaixar a proposta), leva ferro duas vezes – os R$ 580 que nem foram a votação e o Paulinho que abandonou a proposta e ficou defendendo os R$ 560 com o PSDB e o DEM”, alfinetou.

O presidente da CUT descarta a possibilidade de o episódio causar novas distenções na busca por unidade de posicionamento das centrais em questões mais abrangentes, como o próprio mínimo, a correção da tabela do Imposto de Renda e o fim do fator previdenciário.