São Paulo – O casal Lucas Bólico e Isabela Mercuri, ambos jornalistas, está prestes a iniciar uma jornada que é sonho de muitos brasileiros. Viajar o país do Norte ao Sul em uma Kombi. A “casa” foi batizada de “Cuiabana”, e terá como ponto de partida a capital do Mato Grosso, onde vivem. Em linha reta, o país tem 4.400 quilômetros do extremo norte, em Roraima, à ponta do Rio Grande do Sul. E quase isso de leste a oeste, da Paraíba ao Acre. Além de quase 8 mil quilômetros de costa atlântica.

Nos trajetos tortuosos entre esses extremos, são muitos os contrastes: sociais, econômicos, culturais, geográficos, climáticos. O desejo de colocar os olhos e os pés em todos esses “Brasis” é o que move Lucas e Isabela. E também o de compartilhar a jornada no Instagram e TikTok (@pelos.brasis). A saída em dezembro já tem data e local de primeira parada: Brasília, 1º de janeiro, posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O início não poderia ser mais simbólico. “A ideia da posse veio porque sabíamos que essa eleição foi muito importante para o país, e que a posse seria um marco de um novo Brasil. E ao mesmo tempo de uma nova vida para nós”, conta Isabela à RBA.

Além de observar, os jornalistas pretendem ser agentes dessa história. O plano é firmar um reencontro com um Brasil diverso, e estabelecer diálogos e conexões com as mais distintas personalidades no caminho. “Como queremos conhecer os diversos ‘brasis’ dentro do Brasil, pensamos que começar por este marco seria legal para encontrarmos pessoas diferentes, conversar com elas, e iniciar aí a nossa nova jornada.”

Medo e expectativa

Lucas e Isabela trabalham como jornalistas há mais de uma década, entre cargos de reportagem e edição. A decisão de deixar a estabilidade e o conforto estabelecidos em Cuiabá veio de um período de cansaço.

Conflitos que arrastaram o país para um cenário de ódio e violência política e, sobretudo, em meio a uma pandemia sem precedentes. A covid-19 revelou-se a maior tragédia sanitária da história do Brasil após uma condução desastrosa do governo Bolsonaro. Um período de perdas e danos irreparáveis.

“Buscávamos algo a mais na nossa vida. Caímos direto no lockdown por conta da pandemia de covid-19. Cumprimos o isolamento e isso acabou me deixando mal psicologicamente. Medo de nunca mais sair de casa mesmo”, relata Isabela.

Hora de seguir

Agora, a hora é de seguir. “Lucas sempre teve o sonho de viajar de Kombi pelo país, desde a adolescência. Eu nunca tinha pensado nisso, mas sempre gostei de viajar também. Quando nos vacinamos, voltamos a sonhar com a viagem.”

Eles contarão com a companhia dos mascotes, crias da pandemia. “Foi na pandemia que chegaram Tieta e Astronauta. Começamos a pensar em levá-los para desfrutar os espaços e as experiências”, relata.

Isabela adiantou um roteiro possível da aventura. “Depois da posse, queremos ir para Chapada dos Veadeiros. De lá, sabemos que queremos ir para Olinda (PE) no Carnaval, talvez o São João em Campina Grande (PB). Mas não vamos deixar um roteiro fechado. A ideia é deixar que a estrada nos guie.”

A expectativa é alta, a ansiedade também. “As expectativas são as melhores possíveis. De conhecer o Brasil a fundo, conhecer novas pessoas, sabores, lugares. Mas sabemos, também, que teremos muitos ‘perrengues’ pela frente, e espero que estejamos preparados para enfrenta-los.”