Gestão tucana

Alckmin retira correção salarial que já constava do holerite de servidores da saúde

Reajuste, que deveria ter sido pago em abril, deve ficar para junho. Em reunião com trabalhadores e parlamentares, secretário da Saúde paulista destaca que, pessoalmente, respeita o direito à greve

Edson Lopes Jr/Governo de São Paulo

O secretário David Uip, da Saúde, responsabiliza a área econômica do governo pelo ‘sequestro’ do aumento dos servidores

São Paulo – O secretário estadual de Saúde São Paulo, David Uip, afirmou hoje (27), em reunião da Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa de São Paulo, que a correção salarial dos trabalhadores administrativos da saúde no estado, prometida para abril, deverá ser paga em junho desde que a pasta chegue a um acordo com o secretário estadual do Planejamento, Julio Semeghini.

De acordo com Uip, o pagamento deixou de ser efetuado porque as secretarias de Gestão Pública, Planejamento e Fazenda entenderam que deveriam fazer um estudo melhor. “A área econômica vai nos dizer. Uma coisa é a governança do tesouro, que é o salário. Outra coisa é o que sai da secretaria, que, no caso, é o prêmio. Nos precisamos ter essa conversa”, disse.

Uip afirmou que, por o estado cogitar o aumento do Prêmio Incentivo para essa categoria, a área econômica ficou de apresentar nos próximos dias um novo plano de remuneração para os profissionais que inclui aumento real. Segundo ele, a pasta tem autonomia para reajustar o prêmio em até 40%, o que o secretário afirmou ser pouco. “Apresentamos então proposta para mudar a lei e podermos chegar a 50%. Não tenho recurso na minha pasta para dar aumento maior.”

Em março, os trabalhadores técnicos da saúde, como enfermeiros, auxiliares e médicos, tiveram reajuste de até 119% no Prêmio de Inventivo. No entanto, os administrativos e de autarquias ficaram de fora. O governo prometeu reajustar essa gratificação a ser paga até sexta-feira (23), mas não pagou.

Segundo a vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores Públicos da Saúde no Estado de São Paulo (Sindsaúde), Cleonice Ferreira Ribeiro, a direção da entidade vai se reunir nesta quarta-feira (28) com o titular da pasta do Planejamento para cobrar o pagamento da diferença para os mais de 13 mil trabalhadores administrativos. “A correção no prêmio de incentivo, que correspondia a 25% do ano anterior, constava do holerite, mas não foi depositada”, reclamou.

Sem que os dirigentes do Sindsaúde falassem em paralisação, o secretário logo afirmou: “O direito de greve é um direito que eu, pessoalmente, respeito muito. Enquanto eu for o secretário, não vai haver qualquer coisa que abale o direito dos trabalhadores. Falo isso o tempo inteiro. Vocês vão ser respeitados como sempre foram.”

Questionado pelo deputado Luiz Claudio Marcolino (PT), o titular da pasta negou a recusa em corrigir o valor do prêmio e afirmou ter investido nos profissionais da saúde – exceto os administrativos – R$ 535 milhões. “Nós queremos que os funcionários da saúde ganhem o melhor salário. Quero resolver isso ainda esta semana.”

David Uip esteve na Assembleia a convite da Comissão de Saúde para dar esclarecimentos sobre a falta de transparência na prestação de contas das organizações sociais, irregularidades na realização da exames de mamografias e sobre o cronograma da construção e reformas de hospitais em todo o estado.