Senador quer proibir substância que matou trabalhadores em frigorífico

Paim considera a ação como uma forma de proteger o trabalhador (Foto:José Cruz/ABr) São Paulo – O senador Paulo Paim (PT-RS) disse hoje (7) que apresentará projeto de lei para […]

Paim considera a ação como uma forma de proteger o trabalhador (Foto:José Cruz/ABr)

São Paulo – O senador Paulo Paim (PT-RS) disse hoje (7) que apresentará projeto de lei para proibir o uso do produto químico que causou a morte de quatro funcionários que trabalhavam em um curtume de frigorífico do grupo Marfrig, em Bataguassu (MS), em 31 de janeiro. “É uma questão de defesa dos trabalhadores no local de trabalho”, afirmou, durante audiência pública promovida pela Comissão de Direitos Humanos do Senado, que ele preside. Segundo Paim, “esse produto (sulfidrato de sódio), quando inalado pelos presentes num determinado espaço físico, mata em poucos minutos”. O produto é usado para retirar os pelos de couro do boi.

O diretor-adjunto da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, Neilton Araújo de Oliveira, afirmou que, além dos aspectos econômicos e comerciais, é preciso pensar na “dimensão sanitária” do consumo. “Não é necessário prejudicar as empresas para proteger a saúde da população, mas as empresas, para manter seus lucros, precisam assegurar qualidade e segurança para os consumidores, que somos todos nós.”

Em março, durante outra audiência pública, o diretor da Marfrig Clever Pirola Ávila considerou “uma fatalidade” a morte dos quatro trabalhadores. Após o episódio, técnicos do Instituto do Meio Ambiente, órgão estadual, apuraram que o nível de contaminação da área, embora não mais considerado letal, estava 40 vezes acima do tolerável. “Temos de aprender com a fatalidade. A lição foi dura, aprendemos com o fato e estamos tomando medidas adicionais não só no Brasil, mas em âmbito mundial, para garantir a segurança dos nossos trabalhadores”, afirmou o diretor.

O presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentos e Afins (CNTA), Artur Bueno de Camargo, afirmou que os acidentes só diminuirão quando a jornada for reduzida. Ele divulgou estudo da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), feito em frigoríficos gaúchos especializados em carne bovina, citando frio, umidade, intoxicação, choques e barulho como os principais problemas enfrentados pelos trabalhadores – 74% trabalham o tempo todo de pé, 67% fazem horas extras e 44%, ao chegar em casa, relatam dores ou cansaço insuportável.

 Com informações da Agência Senado