Mídia

Seminário de comunicação da FUP discute expansão de imprensa de esquerda

São Paulo – Os debates do I Seminário Nacional de Comunicação Petroleira prosseguiram ao longo da manhã de hoje (28), com a abordagem de outros temas relacionados à democratização da […]

São Paulo – Os debates do I Seminário Nacional de Comunicação Petroleira prosseguiram ao longo da manhã de hoje (28), com a abordagem de outros temas relacionados à democratização da comunicação. Estratégias para fazer uma comunicação que vá além da categoria petroleira foram as principais questões abordadas pelos palestrantes, jornalistas e dirigentes sindicais.

O diretor da secretaria de comunicação da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Leopoldino Martins, afirmou que considera que a disputa políticas pelas demandas dos movimentos sociais e sindicais passa por investimentos em comunicação. “Nossa comunicação deve ir muito além dos sindicatos e federações”, defende Leopoldino, para quem a mídia corporativa continuará atuando como partido político e movendo os interesses da “direita”. “Daqui pra frente, o jogo será muito mais pesado.” A entidade promoveu nesta semana um seminário no Rio de Janeiro com foco em novas iniciativas dos movimento sindical relacionadas à democratização da produção e do acesso à informação.

Uma das experiências debatidas no evento foram os projetos em torno da Rede Brasil Atual. O diretor da RBA, Paulo Salvador, iniciou o debate ressaltando que não é possível fazer uma comunicação de esquerda de forma burocrática e dando um recado às direções sindicais: “As direções têm que dar prioridade à comunicação, investir na estruturação. O mundo do trabalho mudou e preciso saber como o trabalhador está se informando”, avalia.

Para Salvador, que tem formação em Jornalismo e é dirigente do meio bancário, a iniciativa da RBA é oferecer um contraponto ao conteúdo produzido pela mídia corporativa, que está longe de representar os trabalhadores. “A Rede Brasil Atual teve 1,3 milhão de acessos em outubro, a TVT será aberta e irá operar com canal digital a partir de março. Portanto, podemos e devemos utilizar a internet, mas sem perder de vista o desafio de disseminar conteúdos de qualidade”, afirmou. O diretor aproveitou a ocasião para fazer um convite à FUP para que “abrace” a Rede Brasil Atual, que é uma iniciativa mantida pelo movimento sindical. “Está na hora de criarmos aqui no Rio uma sucursal para que o estado passe a ter uma presença maior na rede.”

O editor do portal Vermelho, José Reinaldo, também participou do evento. E enfatizou que o site, um dos mais acessados no campo progressitas, não deve ser entendido como um portal do PCdoB. “Ele é plural e aberto e publica todo e qualquer artigo, toda e qualquer reportagem do campo popular da esquerda e anti-imperialista”, afirmou. Para Reinaldo, é preciso dispensar forte atenção ao noticiário da política nacional, que é o carro chefe da produção de conteúdo. “Procuramos retratar a vida política nacional sob a ótica do campo da esquerda. Por sermos anti-imperialistas e internacionalistas, damos também amplo destaque ao noticiário internacional, às questões da América Latina, à luta pela paz mundial. Outros setores fortes da nossa pauta são as organizações sindicais e os movimentos populares e sociais, que são os sujeitos políticos do nosso portal”, finalizou.

O integrante do MST Joaquim Piñero, membro do conselho editorial do Brasil de Fato, fez um relato da história do jornal, lançado no Fórum Social Mundial de Porto Alegre, em 2003, em formato standard em edição semanal, com circulação nacional. Hoje o jornal tem 10 mil assinaturas e alguns poucos anunciantes. Segundo Piñero, o Brasil de Fato tem correspondentes na Venezuela, Bolívia, Roma e oriente médio. “O jornal também se conformou como agência de notícias, com uma média de 30 a 40 mil visitas dia. Temos também a rede de 3 mil rádios-web pelo interior do país, para onde enviamos nossas notícias, às vezes com entradas ao vivo, e o projeto dos tabloides regionais para dialogar com a massa”, afirmou.

Segundo o militante, o jornal regional é de “esquerda, mas não para a esquerda”. Começou no Rio, em maio de 2013 e, agora tem edições em São Paulo e em Belo Horizonte. “Queremos ampliar para Salvador, Brasília, Recife e Curitiba e temos agora dois desafios: ampliar os apoiadores e aumentar para duas edições semanais”. Ele ressaltou ainda que a aliança da publicação com a FUP é estratégica para intensificar a luta pela ampliação e democratização da comunicação no Brasil.

Com informações da FUP