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Secretário-geral da CUT defende que conta de ajuste fiscal recaia sobre os mais ricos

Nova regra do seguro-desemprego atinge juventude, comércio e construção civil, afirma Sérgio Nobre, que cobra também combate à rotatividade de mão de obra

Dino Santos/CUT

Nova etapa de mobilização das centrais deve manter o foco no Congresso para pressionar por manutenção nos direitos

São Paulo – Para o secretário-geral da CUT, Sérgio Nobre, a nova regra do seguro-desemprego, que começou a valer ontem (2) e exige o mínimo de 18 meses de carteira assinada para dar direito ao benefício, “atinge, em cheio, o comércio e a juventude”. Em entrevista à Rádio Brasil Atual hoje (3), o secretário cobra medidas de combate à rotatividade e que o ajuste fiscal não recaia apenas sobre os trabalhadores.

Sobre as manifestações que as centrais vêm realizando contra as medidas, Sérgio diz que a partir delas é que as centrais conseguiram abrir um espaço de negociação, não só com o governo, mas também com o Congresso, por onde devem tramitar as medidas provisórias que endurecem os critérios para a concessão de benefícios sociais.

Por experiência, a gente sabe que se a mesa de negociação não vier acompanhada de um processo de mobilização, se não tiver um envolvimento da sociedade cobrando uma solução para o tema, as coisas não acontecem. É uma tradição da CUT conciliar a negociação e a mobilização de massas.”

O secretário-geral da CUT afirma que as restrições ao seguro-desemprego devem impactar fortemente setores como o comércio e a construção civil, que se notabilizam pela altíssima rotatividade. “Temos uma rotatividade que é inexplicável. Como pode se ter 80% de rotatividade no comércio? Na construção civil, a rotatividade é de mais de 100%. Os trabalhadores não param um ano no mesmo emprego.”

Uma conta do Dieese mostra que cerca de 3 milhões de pessoas vão ficar fora desse sistema, com as novas regras. Nós vamos ao Congresso Nacional mostrar isso aos deputados e senadores.”

Nobre ressalta que tais medidas impactam negativamente no crescimento da economia, e que para que o país volte a crescer “temos que injetar renda na classe da trabalhadora, e não tirar.”

“Em vez de estarmos discutindo mudanças na regra do seguro-desemprego, deveríamos estar discutindo formas de conter a rotatividade e colocá-la em um patamar mais civilizado, como é no resto do mundo.”

O sindicalista demonstrou preocupação, ainda, com proposta do Congresso que pode ser votada ainda este mês, que regulamenta a terceirização que, segundo ele, “nada mais é do que uma precarização radical dos direitos trabalhistas”.

Como alternativa, Sérgio Nobre defende que as medidas de ajuste recaiam também sobre os mais ricos. “Até mesmo os Estados Unidos, que são um país muito liberal e conservador, estão discutindo a taxação das grandes fortunas.”

O secretário-geral da CUT defende a revisão da tabela do Imposto de Renda, desonerando os mais baixos salários e aumentando progressivamente a contribuição dos que recebem remunerações mais elevadas. “Quem ganha pouco paga muito, e quem ganha muito paga quase nada. Tem que inverter essa lógica.”

Ouça a entrevista completa da Rádio Brasil Atual: