À deriva

Reitor da USP quer demitir marinheiros de navios oceanográficos para terceirizar mão de obra

Os 35 marinheiros que atuam há décadas em dois navios do Instituto de Oceanografia correm o risco também de ficar sem receber os direitos trabalhistas

Reprodução/USP/Fapesp
Reprodução/USP/Fapesp
O Alpha Crucis é um dos dois navios do Instituto de Oceanografia da USP

São Paulo – Entidade que reúne trabalhadores e estudantes da Unesp, Unicamp, USP e Centro Paula Souza (Fórum das Seis) divulgou nota nesta sexta-feira (6) em apoio aos 35 marinheiros que atuam nos navios do Instituto de Oceanografia da USP. Esses servidores estão na mira de demissão pela reitoria, que pretende terceirizar a mão de obra. Segundo o sindicato dos trabalhadores da USP, o Sintusp, o desligamento não prevê pagamento dos direitos.

Trabalhadores há décadas no instituto, esses marinheiros trabalham nos dois navios oceanográficos, Alpha Crucis e Alpha Delphini. Nessas embarcações estão envolvidos em relevantes pesquisas financiadas pelas principais agências públicas, como a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), entre outros.

Iniciada em maio, a ameaça das demissões foi contida com a atuação dos servidores da USP, por meio de seu sindicato (Sintusp), que abriu diálogo com a reitoria. No entanto, nas últimas semanas, a reitoria deixou de responder aos pedidos de reuniões e esclarecimentos. E no último dia 3, os marinheiros foram informados de que deveriam ficar em casa. Isso porque uma empresa terceirizada assumiria as funções nos navios.

O anúncio das demissões veio após a súbita decisão do reitor, Carlos Gilberto Carlotti Jr., de ressuscitar um processo administrativo iniciado 14 anos atrás. “Ocorre que os trabalhadores sempre receberam salários, FGTS e demais direitos diretamente da USP, que agora não quer mais reconhecê-los. Alguns estão na Universidade desde a década de 1980”, afirma a direção do Sintusp.

Trabalhadores apoiam marinheiros ocupando navios oceanográficos

Segundo o sindicato, há trabalhadores e diretores sindicais nos navios, que se recusam a deixá-los sem que a reitoria apresente uma solução que contemple os direitos trabalhistas dos marinheiros.

“O Fórum das Seis apoia os marinheiros e insta a reitoria da USP a buscar uma solução que
preserve os empregos e direitos dos trabalhadores. Ao mesmo tempo, solicita uma reunião com a reitoria da USP para estabelecer o diálogo sobre o assunto”, defende o Fórum das Seis.

Pelo menos 65 sindicatos vinculados à central CSP-Conlutas assinaram moção em defesa dos marinheiros, bem como de indignação com a decisão da reitoria da USP. “Expressamos também nossa indignação com a reitoria da USP, que rompeu o processo de negociação com o Sintusp sobre os procedimentos para a regularização da situação trabalhista da tripulação dos navios de pesquisa do Instituto de Oceanografia”, afirmam, em nota.

“A proposta de terceirização desse serviço e demissão da tripulação, que opera com grande mérito há mais de uma década essas embarcações, além de mais oneroso aos cofres públicos, pode comprometer os trabalhos de pesquisa do IO”, alertam os sindicatos.


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