Em São Paulo

Metalúrgicos fecham acordo com reajuste, mas há setores que podem fazer greve

Categoria conseguiu aumento pouco acima da inflação e renovação de cláusulas sociais. Empresas queriam parcelar

Divulgação
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Moisés na assembleia em Diadema: proposta inicial era de parcelar reajuste. Acordo foi o possível diante da situação difícil do país

São Paulo – Pouco mais de 40% dos metalúrgicos ligados à CUT no estado de São Paulo, ou 76 mil trabalhadores, conseguiram fechar acordo salarial com base na inflação. Eles terão reajuste de 9%, pouco acima do INPC acumulado em 12 meses (8,83% até agosto). O acordo é retroativo à data-base (1º de setembro). Onde não houve acerto, os metalúrgicos podem entrar em greve.

Na semana passada, por exemplo, trabalhadores no chamado G3 (grupo que reúne os setores de autopeças, forjaria e parafusos) aprovaram em Diadema, na região do ABC, o acordo com 9% e renovação das cláusulas sociais até 2024. O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC (SMABC), Moisés Selerges, lembrou das dificuldades impostas pelas empresas durante a campanha salarial.

“A princípio a proposta era de parcelamento e de antemão já reprovamos, porque a inflação já tinha corroído nossos salários”, afirmou. “É lógico que queríamos que fosse muito acima disso, mas depois de tanta negociação foi o reajuste possível diante dessa situação difícil em que o país se encontra.”

Ilha cercada de jacarés

Já a coordenadora da Comissão das Metalúrgicas do ABC, Maria do Amparo Ramos, destacou a importância das cláusulas sociais para as trabalhadoras no setor. “Muitas mulheres aqui que são mães e chefes de família sabem como é importante a convenção coletiva de trabalho, que garante direitos como licença-maternidade de 180 dias e auxílio-creche. Vejo a convenção como uma ilha cheia de jacarés em volta querendo comer nossos direitos”, definiu.

No total, a Federação Estadual dos Metalúrgicos (FEM-CUT/SP) garantiu reajuste e renovação das cláusulas em sete grupos patronais. A campanha envolve 174 mil trabalhadores no estado, sendo 40 mil na base do sindicato do ABC.