campanha salarial

Greve na EBC entra no segundo dia com 600 funcionários parados, segundo sindicato

Movimento paralisa ou reduz atividades de empresas de comunicação ligadas ao governo federal

José Cruz / Agência Brasil

Trabalhadores discordam de reajuste de 1% dividido em duas parcelas, e não aceitam retirada de direitos

São Paulo – Trabalhadores da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) em Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo decidiram hoje (8) à tarde manter a greve iniciada ontem. A decisão foi tomada por teleconferência. Segundo o Sindicato dos Jornalistas do Distrito Federal, até ontem movimento tinha adesão de 600 funcionários. A empresa emprega cerca de 2 mil pessoas em todas as suas unidades.

Após 13 rodadas de negociação entre a comissão dos empregados, representantes dos sindicatos e da direção da empresa, os trabalhadores rejeitaram a proposta de renovar o acordo coletivo por dois anos, com aumento real (acima da inflação) de 1%, dividido em duas parcelas.

A proposta também prevê a reposição de 5,58% para os benefícios (índice correspondente à variação do INPC-IBGE em 12 meses, até outubro), 11% de reajuste para o auxílio-creche, tíquete extra de R$ 832 em dezembro de 2013, e outro no mesmo valor, corrigido pela inflação acumulada, em dezembro de 2014.

Os funcionários pedem reajuste salarial de R$ 290 para cada servidor, o que representaaumento real de 9,61% para cargos de ensino médio e 5,74% para nível superior; 11% para o vale-alimentação (R$ 874), auxílio-educação de R$ 800 para funcionários com filhos entre 7 e 17 anos, folgas dominicais e avaliação de desempenho, entre outros itens.

Os trabalhadores também querem alterar a data-base de 1º de novembro para maio, e defendem a abertura de concursos públicos para novas contratações e pedem respeito à lei do radialista, sem acúmulo e desvio de funções ou com remuneração compatível à função desenvolvida, além do reconhecimento da comissão de empregados.

Eles discordam da posição do Departamento de Coordenação e Governança de Empresas Estatais (Dest), ligado ao Ministério do Planejamento, que pede a retirada de dez cláusulas já asseguradas em convenções coletivas anteriores, e que não são cumpridas atualmente.

“A proposta é insuficiente, não repõe a ausência de ganho real nos últimos dois anos. A empresa usa como solução o reajuste nos vales e não onde deveria haver ganho real mais expressivo, que são os salários. Além disso, ela vem com vetos do Dest, e isso nós não aceitaremos. Continuamos abertos ao diálogo, e achamos que temos condições de avançar nessa proposta”, afirma o coordenador-geral do Sindicato dos Jornalistas do Distrito Federal, Jonas Valente.

Em nota, a EBC considera ilegítimo o modo como foi deflagrada e anunciada a greve de seus empregados e informa que não haverá perda de direitos por parte do corpo funcional.

“As cláusulas a serem retiradas do acordo coletivo vigente, por determinação do Departamento de Coordenação e Governança das Estatais (DEST) do Ministério do Planejamento – órgão que tem a competência, delegada pela Presidência da República para conduzir o tema no âmbito governamental – já estão normatizadas pela EBC ou já são colocadas em prática pela empresa”, diz a EBC.

A Empresa Brasil de Comunicação é vinculada ao governo federal, responsável pela TV Brasil, TV Brasil Internacional, Agência Brasil, Portal EBC e Radioagência Nacional, além de oito emissoras de rádio. Também opera serviços como o canal de televisão NBr e o programa de rádio Voz do Brasil.