São Paulo – As negociações entre bancos e bancários avançaram pouco ou quase nada nesta segunda-feira (22), com a representação patronal mantendo a oferta de reajuste salarial abaixo da inflação. As conversas serão retomadas amanhã.

De acordo com o Comando Nacional dos Bancários, as empresas propõem agora reajuste de 7,19% nos vales alimentação (VA) e refeição (VR), o equivalente a algo em torno de 81% da inflação prevista para o período e de apenas 43% em relação à alta dos alimentos. Na última sexta-feira (19), a proposta foi de 5,82%, ou 65% do INPC estimado, para salários e vales. A categoria tem data-base em 1º de setembro.

“Para o mês de agosto, a previsão da inflação de alimentos é alta de 0,27% e a expectativa em 12 meses na data-base da inflação de alimentos é de 15,37%”, lembra a presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, Ivone Silva, uma das coordenadoras do Comando Nacional. “O reajuste proposto daria 3 reais a mais por dia, não paga nem o cafezinho, que está, em média 4,23 reais”, acrescentou. “A proposta foi rejeitada na mesa de negociação. Vamos organizar os trabalhadores para mobilização nas redes sociais e nas ruas.”

Para a presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Juvandia Moreira, também coordenadora do Comando, a proposta é inaceitável. “A categoria continua perdendo. E em todas as consultas que fizemos eles nos disseram que queriam aumento maior para o vales alimentação e refeição, pois os valores não são suficientes para chegar ao fim do mês”, afirmou.

Segundo os bancários, apenas no primeiro semestre os cinco maiores bancos do país (Caixa, Banco do Brasil, Bradesco, Itaú e Santander) arrecadaram R$ 74,2 bilhões com tarifas cobradas dos clientes, alta de 7,5% em relação ao igua período de 2021. “O reajuste do VA e VR é prioridade para os trabalhadores. A campanha não acaba enquanto não tivermos proposta que cubra as despesas com o custo mínimo dos alimentos”, diz Ivone. A cesta básica está 21% acima do valor do auxílio alimentação da categoria (R$ 644,44).

Acordo no Banpará

A Contraf-CUT informou que foi aprovado novo acordo coletivo no Banco do Estado do Pará (Banpará). Em assembleia virtual com 1.900 trabalhadores, 98% aprovaram a proposta, que inclui 20% de reajuste no anuênio, 10,9% do ingresso (dos níveis fundamental, médio e superior) e 13% de reajuste no salário nas demais verbas econômicas.

Além disso, se o ajuste acordado com a Fenaban for maior, “o Banpará aplicará o que for mais vantajoso aos trabalhadores”, diz a confederação. O tempo de validade do acordo coletivo também está vinculado à negociação nacional.

Manifestação nos Correios

Trabalhadores na Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos fazem ato nesta terça (23), diante do edifício-sede da ECT, em Brasília. A manifestação é em defesa da empresa pública e pela retomada das negociações da campanha salarial. A data-base é 1º de agosto. A concentração começa às 11h, e o ato deve começar às 13h.

Até agora, duas propostas já foram rejeitadas. A primeira correspondia a 20% da inflação (IPCA) e a segunda, a 90%. Os Correios também querem mexer em direitos, além dos que já foram suprimidos nos últimos anos.