Bancários abrem campanha com entrega de pauta e manifestação em São Paulo

De acordo com presidenta do sindicato, Juvandia Moreira, categoria pretende desmascarar tentativa dos bancos de esconder lucros. Reivindicação é de 10,25% de reajuste salarial

Sem truques: manifestação no centro de São Paulo ironiza balanços que reduzem contabilmente os lucros dos bancos (Foto: Gerardo Lazzari/SEEB)

São Paulo – Os bancários deram hoje (1) largada à campanha nacional para renovação da convenção coletiva. Durante o dia, o sindicato da categoria promoveu uma manifestação no centro de São Paulo. No final da tarde, a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) se reuniu com representantes da Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) para entrega do documento contendo as reivindicações da categoria.

O setor é um dos mais importantes do país, reunindo quase 500 mil trabalhadores em todo o Brasil, e comemora neste ano 20 anos da celebração da primeira Convenção Coletiva Nacional de Trabalho. Reajuste de 10,25% (composto por aumento real de 5% e reposição da inflação dos últimos 12 meses), piso de R$ 2.416,38 (salário mínimo calculado pelo Dieese), participação nos lucros ou resultados (PLR) de três salários mais parcela fixa adicional de R$ 4.961,25, além de vales-refeição, cesta-alimentação e auxílio-creche no valor de R$ 622 cada, estão entre as principasi reivindicações econômicas apresentadas aos bancos.

Vagner Freitas: “É inadmissível termos uma das taxas de juros mais altas do mundo, apesar da inflação controlada e do nível de endividamento baixo. Os bancos precisam cumprir seu papel social, investindo no desenvolvimento do Brasil”.
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A pauta foi aprovada durante a 14ª Conferência Nacional dos Bancários, realizada em Curitiba no mês de julho com a participação de mais de 600 delegados de todo Brasil, após processo de consultas, assembleias, encontros e conferências regionais preparatórias. A data-base da categoria é 1º de setembro. As primeiras rodadas de negociação estão agendadas para 7, 8, 15 e 16 de agosto.

Durante a manifestação de hoje – uma passeata acompanhada por alegorias associando os banqueiros a ilusionistas –, a presidenta do Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região, Juvandia Moreira, afirmou que o processo de negociação será acompanhado pela mobilização: “Os trabalhadores pretendem desmascarar a tentativa dos bancos de esconder os lucros que conquistaram recentemente. Eles são os que mais ganham nesse país e precisam repartir”.

A dirigente explicou que os resultados só não foram melhores porque os bancos elevaram a provisão para possíveis não pagamentos de dívidas (PDD). Ou seja, é uma reserva, feita com base na expectativa de perdas com a inadimplência, que é contabilizada no resultado final e por isso diminui o lucro contábil. “Eles fizeram provisionamento muito maior do que o estoque de crédito. Não vamos nos iludir”, disse Juvandia.

Segundo o presidente da Contraf, Carlos Cordeiro, “os balanços já divulgados do primeiro semestre mostram que os bancos continuam lucrando muito, apesar do terrorismo com a sociedade e das altas provisões para devedores duvidosos”. Para o sindicalista, os bancos não têm motivos para recusar as reivindicações da categoria. “Vamos intensificar a mobilização em todo país, dialogar com a sociedade e mostrar a força da unidade nacional da categoria para buscar novas conquistas econômicas e sociais.”