paralisação

Bancários fazem assembleias hoje e podem entrar em greve dia 19

Comando Nacional que representa a categoria nas negociações, defende rejeição hoje (12) da proposta dos bancos de 6,1% de rejuste

Danilo Ramos/Sindicatos dos Bancários

Sindicatos reivindicam mais contratações para melhorar o atendimento e combater os adoecimentos na categoria

São Paulo – Bancários de todo o país realizam assembleias nesta quinta (12), às 19h30, para definir se entram em greve a partir do dia 19. A orientação do Comando Nacional, que representa a categoria nas negociações com a Federação dos Bancos (Fenaban), defende a rejeição da proposta de reajuste de 6,1% feita no último dia 5, após quatro rodadas de negociação. O índice repõe a inflação medida pelo INPC nos últimos 12 meses e despreza a reivindicação de aumento real.

A pauta econômica os trabalhadores inclui 5% de aumento real, piso salarial de R$ 2.860, Participação nos Lucros e Resultados no valor de três salários somados a uma parcela adicional fixa de R$ 5.553,15 e vales refeição e alimentação no valor do salário mínimo nacional, R$ 678, cada.

Os trabalhadores reivindicam ainda mais contratações, combate às pressões por metas abusivas e ao assédio moral, entre outros. De acordo com informações do INSS, somente no ano passado 21.144 bancários foram afastados por doenças ocupacionais, transtornos mentais e comportamentais, como stress, depressão e síndrome do pânico. De janeiro a março de 2013, 4.387 pessoas se licenciaram pelos mesmos motivos.

As entidades sindicais observam que o setor financeiro apresentou lucros recordes no primeiro semestre de 2013. Os cinco maiores bancos (Banco do Brasil, Caixa Federal, Bradesco, Itaú Unibanco e Santander) alcançaram resultado de R$ 29,1 bilhões, um crescimento de 18,2% comparado ao mesmo período do ano passado.

“Essa é a maior rentabilidade do sistema financeiro internacional, graças principalmente ao aumento da produtividade dos bancários. Por isso consideramos a proposta, que não tem aumento real e desconsidera as demais reivindicações, como uma provocação dos bancos”, afirma o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores no Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Carlos Cordeiro, no site da entidade.

“Não vamos fechar a campanha sem aumento real e melhorias para a saúde, segurança e as condições de trabalho dos bancários”, afirma a presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, Juvandia Moreira.

O Comando Nacional é formado por representantes de federações e sindicatos, onde trabalham cerca de 95% dos 490 mil bancários do país.

Pressão por vendas não leva em conta necessidades dos clientes

Juvandia disse hoje, em entrevista à Rádio Brasil Atual, que não só o baixo índice de reajuste apresentado como a ausência de respostas para questões de emprego e condições de trabalho desapontam os representantes da categoria nas negociações. O Comando Nacional considera que o desempenho dos bancos permite mais contratações para melhorar o atendimento e desafogar a sobrecarga de trabalho.

Ela considera ainda essencial a discussão da política de metas, uma das principais causas, segundo ela, do elevado índice de adoecimento dos trabalhadores do ramos financeiro. “Os bancos têm metas trimestrais, ou semestrais, a alacançar, mas o bancários é cobrado todo dia, até três vezes por dia, sobre o andamento de suas vendas. Desesperado, ele tem de vender o que o banco quer que ele venda, e não de acordo com as necessidades dos clientes”, critica.

Ouça a entrevista.