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Auditores-fiscais fazem paralisação por cumprimento de acordo. Ações contra trabalho escravo são suspensas

Servidores cobram regulamentação de bônus de produtividade. Governo diz que decreto sairá ainda neste mês. Movimento atinge 19 estados e DF

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Auditores-fiscais: ações de fiscalização contra trabalho análogo à escravidão foram interrompidas em 19 estados e no Distrito Federal

São Paulo – Auditores-fiscais do Trabalho iniciaram paralisações pelo país, com entrega de cargos de chefia, em protesto pelo não cumprimento de acordo firmado em 2016. Eles negociam com o governo a regulamentação do chamado Bônus de Eficiência e Produtividade. A expectativa é de que o decreto saia ainda neste mês. Enquanto isso, segundo balanço da categoria, as ações de fiscalização contra trabalho análogo à escravidão foram interrompidas em 19 estados e no Distrito Federal. De 22 coordenações, os auditores entregaram os cargos em 20.

Em reunião na última quarta-feira (10), o secretário de Relações do Trabalho do Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI), José Lopez Feijóo, disse que haverá “celeridade” na publicação do decreto. Ele se reuniu com o presidente do Sinait (sindicato nacional dos auditores), Bob Machado, e com a diretora Rosa Jorge. Também participou o secretário-executivo do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Francisco Macena, além do secretário de Inspeção do Trabalho, Luiz Felipe Brandão de Mello. As duas pastas (MGI e MTE) são responsáveis pelo texto final, que seguirá para a Casa Civil.

Igualdade com a Receita

Os dirigentes do Sinait lembraram que os auditores da Receita Federal tiveram decreto publicado ainda no primeiro semestre do ano passado. Por sua vez, o secretário de Relações do Trabalho afirmou que as duas categorias terão tratamento igualitário.

“Nós resgatamos trabalhadores escravizados, tiramos crianças do trabalho infantil, fiscalizamos o FGTS, direito do trabalhador e recurso para o Estado realizar as obras de interesse público. Somos essenciais à área social e de arrecadação do Estado. E não temos sido valorizados”, afirmaram os representantes do Sinait. Assim, segundo a entidade, mais de 90% dos servidores aprovaram paralisação, com manutenção apenas de atividades essenciais. Por exemplo, “fiscalização de denúncias sobre não pagamento e/ou atraso de salários e de situações de risco grave e iminente”.

Ato político

“A entrega de cargos de chefia e coordenações é um ato político orientado pela representação sindical da categoria e se reveste de um profundo descontentamento com a falta de reconhecimento e valorização da carreira que exerce papel fundamental na construção da cidadania e dignidade dos trabalhadores do Brasil. As atividades próprias desses postos de trabalho serão mantidas até que a Administração tenha tomado as providências relativas à publicação das exonerações”, diz o sindicato.

Além do trabalho escravo, auditores estão entregando os cargos em outras áreas. São os casos, por exemplo, de combate ao trabalho infantil, fiscalização do FGTS, inserção de aprendizes e pessoas com deficiência e combate a fraudes na jornada.

Por outro lado, os representantes da categoria dos auditores-fiscais comemoram a confirmação de concurso para contratação de 900 auditores. O Sinait estima que o déficit atual corresponde a quase 50% dos cargos autorizados. “Apenas 1.940 servidores respondem pela fiscalização trabalhista em um país continental como o Brasil.”