Esperança

Centrais sindicais negociarão direitos de trabalhadores de aplicativos com plataformas

Pela primeira vez, empresas de entregas por aplicativos sentam para negociar proteção de trabalhadores. Para Sérgio Nobre, da CUT, reunião é histórica

Roberto Parizotti/CUT
Roberto Parizotti/CUT

São Paulo – Uma negociação histórica para a proteção trabalhista dos motoristas e entregadores de aplicativos será realizada no próximo dia 18. As centrais sindicais e se reunirão com a Associação Brasileira de Mobilidade e Tecnologia (Amobitec), que representa empresas como iFood, Rappi, Lalamove, 99 Food. A informação é de Rosely Rocha, do portal da CUT. O presidente da central, Sérgio Nobre, afirma esperar por uma negociação capaz de construir um grande acordo, que assegura a proteção para os trabalhadores desses aplicativos. “Não é possível trabalhar sem nenhum tipo de cobertura, inclusive, previdenciária. Isso é um crime no Brasil, mas acho que já é um passo”, diz Sérgio Nobre.

Para o dirigente, a Amobitec aceitar dialogar com as centrais sindicais é bom sinal para que se possa chegar a um acordo histórico. O objetivo é envolver todos os trabalhadores de aplicativos do país inteiro, juntamente com as nove centrais sindicais. “Nossa reivindicação é para que os trabalhadores por aplicativos tenham proteção social, fundo de garantia, assistência médica, salário mínimo. Além de condições de trabalho, como onde abastecer, comer, enfim, todo o sistema de proteção que hoje os trabalhadores de carteira assinada têm.”

Trabalhadores de aplicativos e condições de trabalho

As empresas de aplicativos de entrega Uber, iFood, 99, Rappi, UberEats e GetNinjas não comprovaram padrões mínimos de trabalho decente no país. A situação foi exposta em pesquisa feita pelo do projeto Fairwork Brasil, vinculado à Universidade de Oxford.

Segundo o relatório “Fairwork Brasil 2021: Por trabalho decente na economia de plataformas”, o primeiro do projeto no Brasil, o iFood e a 99 receberam nota 2, enquanto Uber ficou com nota 1 e GetNinjas, Rappi e Uber Eats, com 0.

“As plataformas podem optar por reduzir as desigualdades e o desemprego. No entanto, a pontuação anual do Fairwork Brasil fornece evidências de que os trabalhadores por plataformas, como em muitos países do mundo, enfrentam condições de trabalho injustas e sofrem sem proteções”, diz o relatório.

Outra pesquisa sobre “Condições de Direitos e Diálogo Social para Trabalhadoras e Trabalhadores do Setor de Entrega por Aplicativo em Brasília e Recife”, realizada por meio de projeto de cooperação e parceria da CUT e Organização Internacional do Trabalho (OIT), revelou que nove de cada dez trabalhadores para plataformas de aplicativos de entrega são homens (92%), a maioria é jovem (até 30 anos), preta ou parda (68%) e tem, em média, renda mensal de R$ 1.172,63, o que representa um ganho líquido de R$ 5,03 por hora trabalhada.

Os entregadores por aplicativos já fizeram vários movimentos de paralisação, chamados de Breque dos APP’s em todo o país, reivindicando melhor remuneração e condição de trabalho. A última manifestação ocorreu no dia 29 de março deste ano.

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