Democracia em risco

Metalúrgicos do ABC fazem congresso ‘em tempos que não são de normalidade’

"Democracia pressupõe, o direito de falar, a obrigação de ouvir e a necessidade absoluta de tolerar as divergências. Infelizmente esse direito está em risco em nosso país", afirma dirigente

Adonis Guerra/SMABC
Adonis Guerra/SMABC
Para Wagnão, "a postura das instituições tem sido, por várias vezes, contrária aos princípios democráticos"

São Paulo – Democracia é o tema central do 9º Congresso dos Metalúrgicos do ABC, que começa nesta quinta-feira (18) e vai até sábado (20), na sede da entidade, em São Bernardo. A abertura, hoje, está marcada para as 18h30, com o economista e professor Luiz Gonzaga Belluzzo e a presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Ivone Silva.

Será, na verdade, uma retomada do congresso, cuja abertura ocorreu em 9 de março do ano passado, quando o sindicato lembrava os 40 anos do 1º Congresso das Metalúrgicas do ABC. O evento foi interrompido em abril, com a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

“Democracia pressupõe, antes de tudo, o direito de falar, a obrigação de ouvir e a necessidade absoluta de tolerar as divergências. Infelizmente esse direito está em risco em nosso país”, afirma o presidente do sindicato, Wagner Santana, o Wagnão. Segundo ele, o Estado não cumpre seu papel de preservar direitos, inclusive o de opinião. “Ao contrário, o que constatamos é desde o golpe de 2016 a postura das instituições tem sido, por várias vezes, contrária aos princípios democráticos. Para que o golpe tivesse sucesso, muitas regras da democracia foram quebradas”, diz Wagnão, referindo-se ao impeachment da presidenta Dilma Rousseff.

Retrocessos

“Partimos da constatação de que este 9º Congresso não acontece em tempos de normalidade. Ao contrário, passamos por um momento difícil e complexo, com sérias consequências e impactos aos trabalhadores e a toda sociedade”, reforça o secretário-geral do sindicato, Aroaldo Oliveira da Silva. “Vemos ameaças e agressões, retrocessos na legislação e truculência. Como entidade sindical e categoria representativa que somos, temos de falar sobre isso e nos posicionar de forma contundente contra essa situação.”

Na sexta e no sábado, aproximadamente 700 delegados irão discutir temas relacionados a saúde, comunicação, formação, cultura, juventude, mulheres, igualdade racial e pessoas com deficiência, além de temas diretamente relacionados à categoria, como indústria, negociação coletiva e organização sindical. Depois dos grupos de trabalho, as propostas serão votadas em plenário.

Na plenária de encerramento, prevista para as 15h do sábado, estão previstas as presenças do ex-prefeito, ex-ministro e ex-presidente do sindicato Luiz Marinho, de João Pedro Stedile, da coordenação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), de Guilherme Boulos, ex-candidato à Presidência pelo Psol e líder do Movimentos dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), e da presidenta nacional do PT, deputada Gleisi Hofmann (PR).