'Faço questão de ensinar'

Depois de pedreiro, eletricista desafia Rodrigo Maia e Bolsonaro a subirem em poste

“Fica mais eu ali em cima pendurado. Quinze metros de altura. Isso aqui eu faço todos os dias, seis vezes por dia. Convido você (Maia) e o Bolsonaro pra passar só uma semana com nós aqui”

Serviço é um dos mais expostos a riscos de acidente e mortes no trabalho

São Paulo – “Imagina um cara de 65 anos subindo num poste”, diz o eletricista. Possivelmente inspirado no pedreiro indignado com a proposta de “reforma” da Previdência, que teve um vídeo viralizado ao desafiar ao presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), o operário do setor elétrico também enviou seu desafio. Em seu local de trabalho, um poste de transmissão de energia, “convida” Maia e o presidente da República, Jair Bolsonaro, a executar a tarefa de escalar o poste para efetuar serviços de manutenção por uma semana.

O pedreiro protestava contra a proposta de reforma da Previdência que exige 40 anos de contribuição para que um trabalhador consiga se aposentar com 100% da média dos salários de todo esse período. O presidente da Câmara prometeu tramitação rápida da PEC 6/20-19, recebida das mãos de Bolsonaro, e no mesmo dia concedeu entrevista em que afirma ser natural nos dias de hoje uma pessoa trabalhar até os 80 anos.

“Fica mais eu ali em cima, duas horas de relógio pendurado no poste. Quinze metros de altura. Isso aqui eu faço todos os dias, seis vezes por dia. Eu sou eletricista de manutenção de linha morta, entendeu? Tô convidando você (Rodrigo Maia) e o Bolsonaro pra passar só uma semana com nós aqui no desligamento, viu?”, diz o eletricista. “Eu tenho coragem de ensinar ele a subir. Só quero que ele fique uma semana comigo.”

Depois das privatizações do setor elétrico, o avanço das terceirizações e a redução dos custos com treinamento, a atividade de manutenção de redes tornou-se um dos mais expostos a risco de acidentes e mortes no trabalho. “Ele vai sair daqui mudando todo o conceito de aposentadoria”, diz o desafiante. “É muita covardia, viu?”, diz o colega que grava o vídeo.

Veja vídeo divulgado pelo canal Causa Operária