Por dignidade

Em dia de negociação, bancários fazem tuitaço por melhores condições de trabalho

Categoria sofre com sobrecarga, assédio moral e outros fatores de adoecimento no trabalho. Transtornos mentais ultrapassaram lesões musculares como principal doença entre trabalhadores do setor

Arte: Fabiana Tamashiro/SEEB-SP

São Paulo – Bancários de todo o país realizam nesta quinta-feira (19), a partir das 9h, um tuitaço para reivindicar melhores condições de trabalho e o fim do assédio moral e metas abusivas nos locais de trabalho. A mobilização visa a pressionar o setor patronal na terceira mesa de negociação entre os trabalhadores e a Fenaban (federação dos bancos), prevista para a tarde, cujo tema será Saúde e Condições de Trabalho.

Os sindicalistas lembram que os bancários sofrem com questões como sobrecarga de trabalho, potencializada com o corte de empregos, cobrança abusiva por metas e assédio moral, além de outros fatores nocivos à saúde presentes em agências e departamentos. A hashtag usada para a campanha é #QueroTrabalharEmPaz. 

Os portais de representações da categoria orientam o uso dos seguintes tuítes para os bancários que aderirem ao movimento de hoje:

Os bancos formam o setor que mais causa gastos ao INSS. 6% do total de recursos para afastados são consequência da gestão dos bancos. #QueroTrabalharEmPaz

Os bancos são responsáveis por 21,2% do total de afastamentos do trabalho por transtorno depressivo recorrente. #QueroTrabalharEmPaz

Os bancos são responsáveis por 18% do total de afastamentos do trabalho por transtornos de ansiedade. #QueroTrabalharEmPaz

Os bancos são responsáveis por 14,6% do total de afastamentos do trabalho por reações ao estresse grave. #QueroTrabalharEmPaz

Bancos são responsáveis por 17,1% do total de afastamentos do trabalho por episódios depressivos. #QueroTrabalharEmPaz

“Os bancários estão entre as categorias que mais adoecem. Se antes a maior causa de afastamentos eram lesões por esforço repetitivo, os transtornos mentais e comportamentais ultrapassaram as LER/Dort e, desde 2013, se mantêm como as enfermidades com maior incidência na categoria. Isso evidencia o quanto a política de gestão dos bancos, focada na cobrança abusiva de metas, assédio moral, competição e sobrecarga adoece o bancário”, disse a presidenta do sindicato da categoria em São Paulo, Ivone Silva, uma das coordenadoras do Comando Nacional dos Bancários – que representa a categoria na mesa de negociação com a Fenaban.

Ivone lembra que desde que Temer assumiu a Presidência, em 2016, a saúde dos trabalhadores, assim como todos os seus direitos, está sob ataque. “A ‘reforma’ trabalhista autorizou que gestantes e lactantes trabalhem em ambientes insalubres e retirou das empresas a responsabilidade por acidentes no percurso entre casa e trabalho, entre outros prejuízos. Milhares de trabalhadores também tiveram benefícios do INSS cancelados.”

“Vamos cobrar que sejam mantidas cláusulas da CCT (convenção coletiva de trabalho) que protegem a saúde do bancário e combatem o assédio, além de avançar em questões como, por exemplo, a reabilitação no retorno ao trabalho, que não pode manter as mesmas condições que levaram ao adoecimento. Saúde é fundamental. Na consulta à categoria, o tema teve grande destaque dentre as prioridades apontadas. O que, pelo número de bancários adoecidos que procuram o sindicato todos os dias, não nos surpreende”, diz Ivone.

Segunda mesa

Na semana passada ocorreu a segunda mesa com a Fenaban, na qual foi definido o calendário de negociações. Além de Saúde e Condições de Trabalho (hoje), estão agendadas mesas de Emprego (25) e Cláusulas Econômicas (1º de agosto). A Fenaban não assinou o pré-acordo para garantir a validade da CCT após 31 de agosto. Entretanto, se comprometeu a fazê-lo caso as negociações não avancem. 

Banners produzidos pela Confederação Nacional dos Trabalhadores no Ramo Financeiro (Contraf-CUT) também podem ser usados para o tuitaço por melhores condições de trabalho.

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