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Trabalhadores da Mercedes recebem apoio internacional na luta contra demissões

Sindicato dos Metalúrgicos do ABC propõe que a montadora evite as 2 mil demissões através dos programas de proteção ao emprego

Roberto Parizotti/CUT/SMABC

Grupo Daimler, responsável pela Mercedes, foi à assembleia dos metalúrgicos para prestar apoio na luta

São Paulo – Em assembleia realizada na segunda-feira (22), os trabalhadores da fábrica da Mercedes-Benz de São Bernardo do Campo, ABC paulista, tiveram o apoio direção da Daimler – grupo responsável pelas montadoras alemãs, da qual a Mercedes-Benz do Brasil faz parte. O vice-presidente da instituição, Michael Brecht, veio ao país para prestar solidariedade aos funcionários da Mercedes. “É uma rede internacional de trabalhadores e eu, na minha posição de vice-presidente do conselho, estou aqui para usar dessa influência e da articulação pra achar uma solução viável neste momento.”

Os metalúrgicos fizeram ontem (23) o quinto ato pelo cancelamento das duas mil demissões anunciadas pela empresa no mês passado.

Em entrevista à repórter Vanessa Nakasato, da TVT, o integrante do Comitê Sindical na Mercedes-Benz Max Pinho afirma que as negociações estão difíceis. “A empresa continua muito dura, ainda insistindo nas demissões, mas, graças à mobilização dos trabalhadores, ela já cedeu pra que a gente voltasse à mesa de negociação, o que já é um passo importante.”

“Nós apresentamos na Mercedes a mesma proposta que solucionou o impasse na Volkswagen e na Ford. Você pode usar instrumentos como o lay-off, por até cinco meses, e também existe o Programa de Proteção ao Emprego (PPE), que reduz a jornada na mesma proporção da queda da produção”, diz Sérgio Nobre, secretário-geral da CUT.

O Sindicato dos Metalúrgicos do ABC acredita que um bom começo seria a empresa abrir um Plano de Demissão Voluntária (PDV) que seja interessante aos trabalhadores. “A Mercedes não pode achar que, se abrir um PDV, os dois mil ‘excedentes’ vão aderir, mas uma boa parte vai. E aí, por responsabilidade social ela tem que administrar a outra parte. Foi isso o que a Volkswagen fez”, propõe Nobre.

Segundo o dirigente da CUT, trabalhador da Mercedes há mais de 30 anos, a queda de produção da montadora já está se refletindo em outras áreas da indústria, como autopeças borracha e aço. Ele ressalta que o comércio também será atingido se essas demissões não forem canceladas. “É preciso que a matriz tenha sabedoria, que ela só vai voltar a vender caminhão se o país voltar a crescer, e o caminho do crescimento é proteger o emprego, não deixar a crise se espalhar para outros setores. Porque é assim que nós vamos retomar. Se ela aposta na crise, todo mundo vai perder, inclusive ela”, acrescenta Nobre.

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