Gestão tucana em SP

Residentes encerram greve no Emílio Ribas, mas mantêm mobilização por mais médicos

Movimento exige a contratação de especialistas em diversas áreas. Apesar dos contratos encerrados, nefrologistas vão continuar trabalhando para garantir atendimento a pacientes com insuficiência renal

SIMESP

Nefrologistas são indispensáveis no tratamento de doenças infecciosas, que geralmente afetam os rins dos pacientes

São Paulo – Em assembleia realizada no início da noite de ontem (21), os médicos residentes do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, vinculado à Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, decidiram encerrar a greve iniciada no último dia 8 para pressionar a contratação de médicos nefrologistas, para a continuidade do tratamento de pacientes com doenças infecciosas graves, que geralmente comprometem os rins.

Na última sexta-feira, uma comissão esteve com o secretário, David Uip, e o coordenador dos serviços de saúde da pasta, Geraldo Reple Sobrinho. Entre 2009 e 2013, antes de assumir a secretaria, Uip dirigiu o Emílio Ribas. Entre suas ações, firmou convênio com a organização social (OS) Fundação Faculdade de Medicina, terceirizando assim a gestão do instituto.

“Foi a primeira vez, desde o início das manifestações, que eles apresentaram um plano de contingência garantindo a assistência aos doentes com problemas renais durante a contratação desses especialistas”, disse o médico residente Luiz Francisco Zanella, integrante da comissão de greve.

Voluntários

De acordo com ele, enquanto o processo de contratação dos especialistas não for concluído, quatro nefrologistas, que tiveram seus contratos encerrados nestes dias, decidiram continuar trabalhando, de maneira voluntária. São profissionais que, embora aprovados em concurso, não haviam assumido os cargos devido a um decreto (nº 61.466, de 2 de setembro) do governador Geraldo Alckmin (PSDB), que proíbe novas contratações, inclusive de concursados.

Com a aproximação do final da vigência desses contratos temporários, os médicos residentes deram início a um movimento pela contratação de especialistas. Além da paralisação, durante a qual foi mantido apenas 30% do atendimento, nos serviços de urgência e emergência, os médicos fizeram atos nas ruas e chegaram a fechar, duas vezes, a Avenida Doutor Arnaldo.

O Emílio Ribas é referência no atendimento a doenças infectocontagiosas graves, como aids e leptospirose, entre outras.  “É muito comum essas doenças evoluirem para insuficiência renal pelos próprios danos ao organismo ou pelos efeitos dos medicamentos usados no tratamento”, diz o médico do pronto-socorro do hospital e presidente do Sindicato dos Médicos de São Paulo (Simesp), Eder Gatti. “Pela falta de nefrologistas, o corpo clínico chegou a ser orientado a não aceitar pacientes que possam evoluir para insuficiência renal”, diz.

No último dia 17, o governo estadual aprovou a contratação de apenas um desses especialistas para atender no pronto-socorro, UTI, ambulatórios e no serviço de hemodiálise de emergência. O caso foi denunciado pelo Simesp ao Ministério Público do do Estado. “A situação no Emílio Ribas é antiga. O secretário Uip, que foi diretor, tem conhecimento dos problemas. É descaso mesmo.”

Em nota distribuída pela assessoria de imprensa, o Emílio Ribas informou que estão sendo contratados médicos de sete especialidades, entre os quais quatro de nefrologia, sem que haja a interrupção do serviço de diálise. E que os pacientes externos, oriundos de outros serviços, continuarão avaliados pela equipe de nefrologia, caso a caso.