Diadema (SP) – O governo federal apresentou hoje (19) uma versão do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego, o Pronatec Brasil Maior, voltada para qualificação profissional do setor automobilístico na região do ABC paulista. Criado em 2011, o programa prevê cursos gratuitos em escolas públicas, em unidades do chamado Sistema S (Senai, Senac, Senar e Senat) e instituições privadas. A demanda será apresentada pelos empresários, e as aulas poderão ser realizadas nas próprias indústrias, com carga mínima de 160 horas e máxima de 400 horas/aula. A organização ficará sob responsabilidade da Agência de Desenvolvimento Econômico do Grande ABC, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e do Consórcio Intermunicipal da região.

“É um braço da sociedade civil, voltado para o desenvolvimento. A agência promove a articulação entre os setores, identifica as demandas e as apresenta, para diferentes setores”, define o presidente da agência e do Sindicato dos Metalúrgicos, Rafael Marques. “A política industrial não pode não levar em conta a formação do trabalhador. Vimos que o Pronatec, como estava desenhado, apesar de cumprir uma etapa importante, não estava atendendo o setor produtivo. Estamos identificando nesse modelo a oportunidade de apresentar as nossas necessidades e realizá-las”, acrescenta.

“Já recebemos uma demanda isolada, de uma empresa, mas queremos abarcar o setor como um todo. Sabemos que o setor automotivo é propulsor da economia nacional, porque ele não é formado apenas por montadoras de veículos, mas por uma cadeia de fornecedores e serviços, e toda essa cadeia pode ser atendida”, diz o analista Andrei José Rodrigues, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.

Diretor da Tribomat Tecnologia em Autolubrificação, Carlos Manoel de Carvalho concorda que o Pronatec tem de beneficiar toda o setor. “Em vez de treinar o trabalhador em casa, você poderá treiná-lo de foma padrão, para trabalhar em qualquer empresa do processo produtivo, o que fará com que ele saia com uma visão completa do setor”, afirma. Segundo ele, com o Inovar-Auto (novo regime automotivo brasileiro) a necessidade de produção de conteúdo nacional é muito maior. “No nosso caso, temos hoje 6 milhões de horas ofertadas em ferramentaria, com o Inovar-Auto em pleno vapor vamos subir para 18 milhões. Triplicar a demanda de ferramenta significa aumentar em pelo menos 25 mil trabalhadores.”

Para 2014, a expectativa é de que o Pronatec faça a capacitação profissional de 250 mil trabalhadores, nos diferentes setores produtivos.

Composta de sete municípios (Diadema, Mauá, Ribeirão Pires, Rio Grande da Serra, São Bernardo do Campo, Santo André e São Caetano), a região do ABC tem 2,6 milhões de habitantes e abriga aproximadamente 10 mil indústrias, 37 mil estabelecimentos comerciais e 44 mil empresas de serviços.

Para a dona da Jostec Industria Metalúrgica, Gleide Barros Russo, encontrar boa formação profissional ainda representa uma dificuldade. “Vou ficar atenta para me inscrever assim que o programa entrar em andamento. Fiquei otimista e acho que é uma ótima solução para qualificar meus profissionais em funções específicas.”

O secretário de Desenvolvimento Econômico e Trabalho de Diadema, Francisco de Assis Pessoa, vê a iniciativa como uma forma de identificação de novos talentos. “Hoje o que falta é oportunidade, porque talento muita gente tem. Então, precisamos identificar isso e investir”, afirma.

O lançamento do programa ocorreu na escola do sindicato, em Diadema.