Em abertura de conferência sobre trabalho, ministro enfrenta protesto de servidores em greve

Brasília – Na abertura da 1ª Conferência Nacional de Emprego e Trabalho Decente, que deverá definir as políticas públicas do Brasil para os próximos anos, o ministro da Secretaria Geral […]

Brasília – Na abertura da 1ª Conferência Nacional de Emprego e Trabalho Decente, que deverá definir as políticas públicas do Brasil para os próximos anos, o ministro da Secretaria Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, teve de enfrentar manifestação de servidores públicos, que vaiaram e quase impediram o discurso do representante da presidenta Dilma Rousseff. O motivo é a greve do funcionalismo federal. Mesmo irritado, o ministro argumentou. “Seguimos respeitando o servidor público e em termpo oportuno faremos a nossa proposta. Mas não posso aceitar a indelicadeza e a incivilidade dessa manifestação”, afirmou.

Ao tentar iniciar seu discurso, Carvalho fez um apelo ao “espírito desta conferência” para poder falar. Após minutos de vaias e apitos, os manifestantes começaram a deixar o plenário, dando as costas à mesa. “Lamento profundamente a retirada do plenário dos que pedem o diálogo, mas se recusam a ouvir”, reagiu o ministro. “O que não faremos são atos de demagogia e que possam pôr em risco a economia do país.” Em seguida, pediu aos representantes das centrais sindicais que conversem com os setores “que se negam ao diálogo” e afirmou que o governo tinha maturidade para enfrentar esse tipo de manifestação. Provocados, os servidores voltaram e se posicionaram bem diante da mesa, que tinha outros seis ministros, todos da área social do governo: Brizola Neto (Trabalho e Emprego), Maria do Rosário (Direitos Humanos), Garibaldi Alves Filho (Previdência), Tereza Campello (Desenvolvimento Social e Combate à Fome), Luiza Bairros (Políticas de Promoção da Igualdade Racial) e Eleonora Menicucci (Políticas para as Mulheres).

“O governo Dilma não tem medo da manifestação”, disse Gilberto Carvalho, para quem o Executivo, desde o governo Lula, vem promovendo uma “efetiva valorização do serviço público”. “Ainda há muito o que fazer. Não nos negaremos ao diálogo com o serviço público, mas a nossa prioridade é cuidar do conjunto do país, daqueles que tiveram seus direitos historicamente marginalizados.” O governo, acrescentou o ministro, pretende “usar o espaço fiscal para cuidar dos que não têm estabilidade”.

Sobre o tema da conferência, ele lembrou dos compromissos assumidos pelos setores da cana-de-açúcar e da construção civil pela melhoria das condições de trabalho. E acrescentou que novas iniciativas nesse sentido serão feitas no setor têxtil e do turismo.

No STF

Antes do protesto dos servidores, o presidente da CUT, Vagner Freitas, havia criticado o decreto do governo que permite a substituição de grevistas federais por funcionários públicos estaduais e municipais. E anunciou que as centrais sindicais entrarão com uma ação direta de inconstitucionalidade (Adin) no Supremo Tribunal Federal contra a medida. “As greves que estão ocorrendo são a demonstração cabal de que esse modelo de gestão de recursos humanos do Estado é arcaico e está falido”, afirmou.