Para presidenta de sindicato, imposto sindical leva à acomodação de dirigentes

São Paulo – A presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Juvandia Moreira, afirmou hoje (16) que a contribuição sindical obrigatória leva a uma acomodação dos dirigentes das entidades […]

São Paulo – A presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Juvandia Moreira, afirmou hoje (16) que a contribuição sindical obrigatória leva a uma acomodação dos dirigentes das entidades de representação dos trabalhadores. 

“O imposto sindical possibilita que as diretorias se acomodem porque está garantida a verba de sustentação. Não tem de prestar contas, não é um imposto aprovado pelos trabalhadores”, disse Juvandia em entrevista à Rádio Brasil Atual na qual comentou a campanha iniciada pela CUT para dar fim ao imposto sindical, alimentado pela contribuição obrigatória de um dia de trabalho de todos os funcionários registrados no país. 

Leia também:

  • Bola dividida – CUT retoma debate sobre o fim do imposto sindical e é questionada pelas outras centrais. Propostas e projetos não faltam. Polêmica vale R$ 2,5 bilhões

Para a presidenta do sindicato, a taxação surte resultado contrário à independência das entidades que devem representar os trabalhadores. “A gente criou a CUT questionando aquela estrutura oficial. Uma das nossas propostas era a liberdade e a autonomia sindical, com autosustentação do sindicato, sem interferência do governo, sem interferência dos patrões.”

Até o fim deste mês a central realiza um plebiscito em todo o país e pela internet para saber a opinião da sociedade sobre o assunto. A CUT considera necessário buscar uma nova forma de arrecadação que afaste a atuação de líderes sindicais interessados unicamente na questão financeira, sem a prestação de serviços aos sindicalizados. 

Evolução da representação feminina

Durante a entrevista, realizada para promover um balanço da atuação do sindicato, que completa 89 anos, Juvandia comentou ainda a evolução do papel da mulher no mercado de trabalho. “Ainda tem problemas de salários, as mulheres estão na base da pirâmide”, adverte.

Estudo divulgado em março pelo Dieese mostrou que as bancárias ganham em média 24,1% menos que os homens. A disparidade é maior nos bancos privados, de 29,92% e, embora as mulheres no setor financeiro tenham maior escolaridade, são exceção nos cargos de direção. Há 1.929 diretores no Brasil, contra 455 mulheres. A remuneração média nesta faixa é de R$ 23.688 para os homens, contra R$ 18.936,18 para as mulheres. “Isso explica demorar tanto tempo para ter uma mulher na presidência. É um ganho para esta luta por igualdade”, concluiu. 

Ouça aqui a entrevista completa à Rádio Brasil Atual.