Fusão de metalúrgicos e químicos em nível mundial é modelo sindical, afirma dirigente

São Paulo – No último dia do seminário promovido pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST) sobre liberdade sindical, hoje (27), representantes de duas gerações de metalúrgicos falaram sobre as experiências […]

São Paulo – No último dia do seminário promovido pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST) sobre liberdade sindical, hoje (27), representantes de duas gerações de metalúrgicos falaram sobre as experiências de organização na região do ABC paulista e defenderam mudanças no modelo atual que privilegiam a negociação coletiva. E a Federação Internacional dos Trabalhadores nas Indústrias Metalúrgicas (Fitim) afirmou que a nova realidade econômica exige a formação de redes sindicais internacionais, para se contrapor à globalização.

O coordenador de projetos da Fitim, Manuel Campos, adiantou que em junho se consolidará a fusão entre as entidades mundiais dos metalúrgicos e do ramo químico (Icem). “Vai ser o novo sindicato mundial da manufatura, mineração e energia”, afirmou. “É um bom exemplo para os sindicatos brasileiros: façam internamente o que se faz mundialmente, porque não vão ter outra saída a não ser a união. Quanto mais os sindicatos brigam entre si pelo poder local do que com a própria empresa por direitos, as coisas ficam mais difíceis.”

O ex-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e ex-vice da CUT José Lopez Feijóo citou a criação dos comitês de fábrica, nos anos 1970, quando ele trabalhava na Ford, em São Bernardo. E mencionou dois acordos nacionais por ramo de atividade, do setor de cana-de-açúcar e da construção civil, que envolveram governo, centrais e entidades de trabalhadores e patronais. No caso da construção, segundo ele, foram nove meses de negociação que chegaram quase ao esgotamento, sem resultado. “Mas o esforço nos permitiu construir um acordo que implica avanço num setor da economia brasileira que hoje está em franco desenvolvimento”, disse Feijóo, hoje assessor especial da Secretaria Geral da Presidência da República. “.Ao estabelecer que, numa obra, os trabalhadores terão direito à representação sindical no local, produzimos um avanço que tende a transformar a maneira pela qual o modelo sindical negocia neste país.”

O atual presidente do sindicato do ABC, Sérgio Nobre, falou sobre os comitês sindicais de empresa (CSEs), afirmando que a entidade é organizada desde a base, a partir de representações no local de trabalho. “Um dos problemas do movimento sindical é a falta de representatividade”, disse o dirigente. Ele observou que o modelo adotado exige a renovação, no máximo, a cada dois mandatos. O sindicato apresentou em 2011 um anteprojeto de lei que permite alterações no sistema de negociação. “A modernização das relações de trabalho no Brasil passa pela representação e pelo fortalecimento do diálogo e da negociação coletiva. Cabe ao legislador deixar que a negociação ocorra”, defendeu Nobre.

 Com informações do Tribunal Superior do Trabalho