OIT: sem recuperação, países do G20 mantêm 200 milhões de desempregados

Estudo conjunto com a OCDE destaca necessidade de crescimento para recuperar as 20 milhões de vagas perdidas desde a crise de 2008. Relatório mostra resultado positivo no Brasil

São Paulo – Ainda que as taxas de desemprego tenham diminuído na grande maioria dos países do G20, grupo das economias mais desenvolvidas do mundo, essa redução foi moderada e não impediu que o número de desempregados se mantivesse em aproximadamente 200 milhões, aponta relatório divulgado nesta segunda feira (26) pela Organização Internacional do Trabalho (OIT). Pelo estudo, feito em conjunto com a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a desaceleração da atividade econômica mundial pode continuar causando falta de empregos no mundo: se as taxas de crescimento do empregos se mantiverem nos atuais níveis de 1%, não será possível recuperar os 20 milhões de postos de trabalho perdidos nos países do G20 desde a crise financeira de 2008. Abaixo disso, o “déficit” de empregos poderia dobrar.

“Devemos atuar agora para reverter a desaceleração em crescimento do emprego. É absolutamente indispensável dar prioridade ao trabalho decente e investir na economia real. Para isso, é necessário que haja uma decidida cooperação em nível mundial”, afirmou o diretor-geral da OIT, Juan Somavia. Segundo o informe conjunto, o emprego precisa crescer pelo menos 1,3% ao ano para chegar em 2015 com uma taxa semelhante à que existia antes da crise. “Uma taxa de crescimento dessa magnitude permitiria criar aproximadamente 21 milhões de empregos adicionais por ano, recuperar os postos de trabalho perdidos desde 2008 e absorver o crescimento da população em idade ativa”, diz o comunicado OIT/OCDE, preparado para a reunião ministerial que ocorre nesta segunda e terça (27) em Paris.

Aos ministros do Trabalho, Somavia dirá que a criação de empregos deverá representar uma das principais prioridades macroeconômicas dos países. “Os ministérios do Trabalho têm um papel fundamental a desempenhar a esse respeito, diante da Cúpula do G20 que será realizada em Cannes dentro de algumas semanas”, lembrou o diretor da OIT.

O levantamento mostra que os mercados se comportaram de maneira diversa. Países como Alemanha, Brasil e Indonésia registraram forte crescimento na taxa de ocupação e diminuição na de desemprego. Outros, como Argentina, Austrália e Rússia, tiveram pouca ou nenhuma melhora na taxa de ocupação. Exibiram persistente alta no desemprego a média da União Europeia, além de África do Sul, Espanha, Reino Unido e Estados Unidos, por exemplo.

O estudo mostra o Brasil com taxa de desemprego de 6% (número do IBGE, que pesquisa seis regiões metropolitanas). A dos Estados Unidos vai a 9,1%, a Espanha, a 21% e a África do Sul, a 25%.