Federação ajusta proposta, mas defende manutenção da greve nos Correios

Em assembleias nesta quinta-feira (22), categoria avalia alteração na pauta proposta pelos sindicalistas para forçar reabertura das negociações

São Paulo – A Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios, Telégrafos e Similares (Fentect) orientou os 35 sindicatos filiados a manter o movimento grevista em todo o país. Segundo nota da entidade, divulgada nesta quinta-feira (22), a greve deve continuar para pressionar o avanço nas negociações com a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT). A estatal, porém, mantém a posição de só retomar o diálogo após o fim da paralisação.

Os sindicatos levam à avaliação de assembleias em todo o país nesta quinta uma contraproposta a ser apresentada à empresa, reduzindo a reivindicação do aumento salarial real linear de R$ 400 para R$ 200. O restante da pauta continua inalterada: reajuste de 7,16% (reposição inflacionária pelo ICV-Dieese), reposição de 24,76% referente a perdas acumuladas entre 1994 e 2010, piso salarial de R$ 1.635 (o atual é de R$ 807), e vale-alimentação de R$ 28. Se aprovada, a contraproposta será levada à empresa ainda nesta quinta.

Os Correios oferecem reposição de 6,87%, com base no IPCA-IBGE (não retroativo à data-base da categoria, em 1º de agosto), e aumento real linear de R$ 50 a partir de janeiro de 2012.

Além dos itens econômicos, a categoria quer auxílio-creche e o fim da terceirização na empresa. Os sindicalistas defendem ainda que os dias parados em decorrência da greve, que já dura nove dias, não sejam descontados. O ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, havia ameaçado, na segunda-feira (19), cortar o ponto dos grevistas.

Segundo a federação, a paralisação tem adesão de 80% em todo o país. De acordo com os Correios, atinge 23% dos 110 mil funcionários. Uma série de manifestações está prevista para a tarde desta sexta (23). O objetivo é pressionar a estatal a reabrir negociações.

Para José Expedito Camilo, diretor do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios e Similares de São Paulo (Sintect-SP), a adesão ao movimento é de 95% no estado. “Não tem como voltar ao trabalho para negociar. Já tentamos conversar durante três meses para tentar achar um consenso e não adiantou. Não é agora que vamos abrir a guarda”, alertou.