Para Fenaban, bancários já têm aumento real ‘há muito tempo’

Negociadores dos bancos negam reivindicações da categoria, apesar de as instituições estarem há muito mais tempo com lucros astronômicos

Comando Nacional dos Bancários negociam reajuste salarial com Fenaban (Foto: Mauricio Morais/ Seeb-SP)

São Paulo – A Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) negou todas as reivindicações econômicos apresentadas pelos bancários na rodada de negociação da campanha salarial, na segunda-feira (12), em São Paulo. A nova série de recusas inclui PLR, valorização do vale-refeição e da cesta-alimentação, a implantação de Plano de Carreiras, Cargos e Salários (PCCS) e auxílio creche.

Para os negociadores dos bancos, os trabalhadores estão “há muito tempo recebendo aumento real”, argumento utilizado para justificar a “impossibilidade” de um reajuste salarial acima da inflação. O Comando Nacional dos Bancários considerou a postura e ausência de uma contraproposta uma demonstração de afronta. O lucro anual das instituições financeiras têm tido “saltos gigantes”, segundo os bancários, além de o volume de serviço dos trabalhadores também crescer a cada ano.

“Os negociadores do setor que mais ganha, que mais acumula riqueza, afirmaram que os bancários já estão há sete anos com aumento real e tiveram reajuste ‘extraordinário’ do piso no ano passado. O recado foi de que não devemos esperar nada parecido para este ano”, relatou Juvandia Moreira, presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, ao site da entidade. “Além de não apresentar proposta pra nada, alegam que o salário do bancário cresceu demais. Isso é inaceitável diante dos ganhos dos bancos.”

Juvandia mostra ainda que a categoria espera que a campanha salarial deste ano seja definida com maturidade, nos debates com o setor patronal. “Se eles (os bancos) quiserem resolver a campanha via negociação, terão de apresentar propostas dignas às reivindicações dos bancários.”

Em campanha salarial, os bancários reivindicam reajuste salarial de 12,8% – inflação do período mais aumento real de 5% -, participação de lucros e resultados (PLR) de três salários mais R$ 4.500, piso do Dieese (R$ 2.297,51 em junho), 13ª cesta-alimentação, implementação de plano de carreira, entre outros. A próxima mesa de negociação está marcada para terça-feira (20). A Fenaban prometeu apresentar uma proposta global para a categoria.

Carlos Cordeiro, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), destacou que espera que os bancos dêem proposta concreta no próximo encontro. “Esperamos que o setor patronal contemple as reivindicações da categoria, envolvendo remuneração digna, emprego, saúde, condições de trabalho, segurança e igualdade de oportunidades”, frisou.