Lula emociona-se ao falar de Alencar

(Foto:Roberto Stuckert Filho/PR) São Paulo – Em Portugal, a atual presidenta da República, Dilma Rousseff, e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva mostraram-se emocionados ao comentar a morte do […]

(Foto:Roberto Stuckert Filho/PR)

São Paulo – Em Portugal, a atual presidenta da República, Dilma Rousseff, e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva mostraram-se emocionados ao comentar a morte do ex-vice-presidente José Alencar, na tarde desta terça-feira (29). Ele morreu por falência múltipla de órgãos depois de ter sido internado por obstrução e perfuração intestinal, complicações de uma série de tumores na região abdominal.

Lula foi quem mais se mostrou emocionado. Ele chorou por duas vezes durante a conversa com jornalistas. O ex-presidente lembrou da lealdade mantida entre ele e Alencar.

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Dilma

“Queria falar com vocês que estamos em um momento de muito sentimento. Considerávamos que o Zé Alencar era uma das pessoas que foi uma grande honra ter convivido com ele. É uma pessoa que vai deixar indelével uma marca na vida de cada um de nós. Além disso, foi presidente da República junto do presidente Lula, por mais de oito meses. Por isso, nós oferecemos à família o Palácio do Planalto para ele ser velado na condição de chefe de Estado que ele também foi, de presidente inesquecível do nosso país. Todos nós estamos muito emocionados. Eu e o presidente (Lula), logo depois que o presidente receber amanhã (quarta-feira 30) o prêmio, vamos retornar.”

Lula

“Penso que não temos muito o que falar. O momento é de muita dor e sofrimento. Vocês que acompanharam o mandato nosso, da Dilma como ministra, do Zé Alencar como vice, sabem que a relação nossa era mais do que de um presidente e um vice, era de irmão e companheiro (choro). Tenho falado com ele praticamente toda semana, tenho visitado ele. O otimismo nele era uma coisa que causava na gente até uma inveja de ver a força que ele tinha. Eu, antes de vir para cá, liguei para ele do carro. Eu e Marisa. Ele disse que estava bem, que estava em casa, que sabia que, do ponto de vista clínico, não tinha muita expectativa, mas como era um homem de fé, tinha esperança e fé que Deus iria ajudar. Logo depois que cheguei aqui, liguei para o médico dele que disse que estava sedado e com a pressão baixa e que tinha pouca chance. Acho que a presidenta Dilma agiu correto em perguntar e pedir ao Josué que o corpo dele fosse velado no Palácio do Planalto. Acho que nos cabe agora, sabe, reverenciar uma pessoa que foi mais do que um vice-presidente. Foi um homem de uma dimensão extraordinária. Aos 65 anos, conheço poucos seres humanos que tenham a alma do Zé Alencar, a bondade e a lealdade do Zé Alencar. Cheguei a dizer que não acreditava que existisse, no mundo, um presidente que tivesse um vice como eu tive o prazer de ter o José Alencar. Ele assumiu a presidência por mais de oito meses. Ele nunca teve uma vírgula de divergência comigo. Era como se fossem irmãos, ou pai e filho. A presidenta Dilma participava das reuniões da coordenação política toda segunda-feira, o Zé Alencar participava. A gente funcionava como se fosse uma orquestra, a gente brincava, a gente falava sério. Acho que o Brasil perde um homem de dimensão excepcional. É muito fácil a gente falar das pessoas depois que morre. O Zé Alencar era bom em vida. O Brasil deve muitas das coisas que estamos vivendo a ele, à capacidade e a lealdade dele. Sou muito agradecido a ele. Todo mundo sabe que perdi muitas eleições no Brasil, eu tinha 30% ou 32% e precisava encontrar o restante. E o restante encontrei no Zé Alencar. Quando ouvi o discurso dele em Minas Gerais comemorando os 50 anos de vida empresarial em que ele contou a vida dele, eu falei: ‘Encontrei o meu vice’. E ele viajou o Brasil inteiro. Muita gente mais à esquerda no meu partido achava não deveria chamar o Zé Alencar para ser vice. Mas quanto mais ele falava e contava a vida dele, mais esquerdistas ficavam chorando de ver que era um homem de bem, extraordinário. Estava contando para Dilma se ela se lembrava, na campanha dela, uma carreata em Belo Horizonte em que ele não tinha mais força para sequer levantar a mão de tão fragilizado que estava. Entretanto, ele subiu no carro, junto com a presidenta Dilma e junto comigo, e ficamos andando por Belo Horizonte por quatro horas. Ele dizia: ‘Tenho de fazer isso, porque eu quero eleger (Dilma)’. Penso que foi um descanso para ele. Ele sofria há seis meses. Não se contentava de estar no hospital deitado o tempo inteiro. Há um tempo atrás ele me chamou para pedir minha opinião se deveria parar de tomar remédio que não resolvia mais. Eu era favorável que ele parasse de tomar remédio e vivesse a vida da forma mais prazerosa possível. Ele também desejava assim. De forma que… Morreu nosso querido José Alencar (choro). Vou dedicar para ele (o prêmio que vou receber na quarta-feira 30 em Portugal).

 

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