Protesto de moradores do Jardim Pantanal termina com promessa de reunião na 6ª e conflito com PM
Início da manifestação foi marcado por confronto entre PM e moradores. Policiais militares jogaram gás de pimenta em parlamentares, moradores e jornalistas
Publicado 08/02/2010 - 14h39
PM reprimiu moradores das áreas alagadas da zona leste de SP. O deputado federal Carlos Zarattini (camisa branca e óculos) e o vereador Zelão (camisa verde e branca) foram alvo de gás pimenta (Foto: Nelson Antoine/Fotoarena/Folhapress)
São Paulo – Uma comissão de moradores do Jardim Pantanal esteve reunida nesta segunda-feira (8) com o secretário de Relações Governamentais da Prefeitura de São Paulo, Antonio Carlos Rizeque Malufe. Há exatos dois meses a região tem boa parte das ruas alagadas.
De acordo com um dos líderes dos moradores do Jardim Pantanal, Ronaldo Delfino de Souza, a reunião foi improdutiva. “O secretário não tinha ideia do que está acontecendo nas áreas alagadas. Ele imaginava que todos os problemas estivessem resolvidos, como assistência médica e habitação”, disse.
Os moradores saíram da sede da prefeitura com o compromisso de uma nova reunião para esta sexta-feira (12), à tarde.
Antes, o senador Eduardo Suplicy (PT) adiantou aos moradores que o prefeito Gilberto Kassab (DEM) comprometeu-se a realizar duas audiências: uma geral sobre as enchentes e outra específica com moradores do Jardim Helena, distrito mais atingido na zona leste da capital paulista. O senador participou de inauguração de biblioteca no Carandiru com o prefeito Gilberto Kassab (DEM) e o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), quando solicitou as audiências ao prefeito.
Suplicy foi o último político a chegar ao local e subiu para a reunião com um pote com água suja trazida pelos moradores. Vários parlamentares já estavam no local.
Cerca de 500 pessoas participaram de um protesto em frente à sede da administração municipal. Dentre as reivindicações, os moradores pediram o desassoreamento do rio Tietê, a abertura imediata das barragens e uma negociação sobre os problemas de habitação, já que parte dos moradores recusa o bolsa-alugel proposto pela prefeitura.
Conflito
Moradores e parlamentares criticaram a ação de policiais militares que acompanhavam a manifestação. “Se não me defendo com o braço, teria recebido várias cacetadas na cabeça”, lamentou o vereador Zelão (PT). O deputado federal Carlos Zarattini (PT) foi atingido com gás de pimenta durante confronto entre a Polícia Militar e manifestantes (veja imagem acima).
O deputado federal Ivan Valente (PSOL) prometeu denunciar a “postura agressiva da PM”.
De acordo com o Tenente-Coronel Orlando Taveiros, comandante da área central da capital paulista, um pequeno grupo de manifestantes se exaltou e a Polícia Militar reagiu com “meios não letais para dissuadir o pico de desordem”.
2 meses de alagamento
“O retrato é de agonia e vergonha, as pessoas estão sendo vítimas de um planejamento urbano criminoso”, disse Valente que também participou da reunião. Ele acredita que a situação dos bairros atingidos ainda deve piorar: “Depois de perder as casas, há ainda a leptospirose, que pode contaminar muita gente”.
Para mostrar os problemas ocasionados com os alagamentos, algumas pessoas levaram potes de água suja e até cobras retiradas de suas casas. De acordo com uma agente de saúde do local, há residências com ninhos de cobra. “Quando a chuva chega, as cobras chegam junto. Quando o sol esquenta, as cobras saem e oferecem risco aos moradores.” De acordo com ela, o esgoto sai pelo vasos sanitários, torneiras e pias.
“Meu marido está doente e fica na casa dos amigos. Só estou na minha casa alagada pois está havendo roubos”, disse a moradora do Jardim São Martinho, Socorro Alexandre Reviario. Há 10 anos no local, ela disse que não quer deixar sua casa. “Espero que o prefeito tenha bom senso e faça doação de casas para as famílias.”
Eunice Rosa da Silva, moradora da Chácara Três Meninas, também estava em frente à prefeitura. Diz que enfrentou um alagamento com a água chegando perto de 1,60m. “Meus filhos estão correndo risco, por isso não tenho ido trabalhar. Tenho medo que as águas subam e haja enchentes. Na minha casa chegou até o pescoço”, afirma.
O vereador Francisco Chagas (PT) defendeu a desapropriação de prédios no centro de São Paulo para transferência dos moradores atingidos por enchentes. “Essa população precisa ser prontamente atendida. Há prédios desocupados no centro. A prefeitura pode recorrer a desapropriações”, exemplifica.
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