Em edição especial, Campus Party terá Recife como palco

Evento discutirá, entre outros temas, a necessidade de um marco civil para internet; fundador do Partido Pirata será um dos palestrantes do evento

Para Mario Teza, diretor-geral do evento, é preciso atingir o equilíbrio entre privacidade e liberdade na internet (Foto:Divulgação/Eudes Santana)

São Paulo – Após a edição da Campus Party com o maior número de participantes, em fevereiro deste ano, o evento terá, pela primeira vez, uma edição especial. Também de forma inédita, o  maior acontecimento de cultura digital do mundo terá um palco diferente: sai da capital paulista e vai para Recife, em Pernambuco. Para Mario Teza, diretor-geral do evento, a decisão de fazer duas edições da Campus Party no mesmo ano partiu da combinação do esforço dos organizadores e patrocinadores com o entusiasmo dos campuseiros –  como são chamados os participantes do evento –, principalmente os pernambucanos e nordestinos.

“É a primeira vez que tem uma edição especial no Brasil da Campus Party. É pela história de sucesso em São Paulo e também porque havia muitos pedidos dos campuseiros do Nordeste e de Pernambuco. Então as empresas acharam por bem fazer um esforço adicional e garantir o evento. Por isso foi um resultado movido pela soma de vontades”, destaca Teza.

Marcada do dia 26 até o dia 30 de julho, a Campus Party terá mesas de debates sobre o marco civil da internet, projeto que está em tramitação no Congresso Nacional. A informação é de Mario Teza, que diz estar otimista em relação à aprovação do texto, elaborado pelo Ministério da Justiça a partir de colaborações da sociedade civil. 

O projeto em questão, que estabelece regras gerais para a internet, está esperando votação da Câmara dos Deputados e ainda não tem data prevista para ocorrer. O parecer do relator, deputado Alessandro Molon (PT-RJ), manteve os principais pontos que já foram discutidos, como a proteção à privacidade do usuário da internet para evitar que seus dados pessoais sejam vendidos como mercadoria sem a sua autorização e a neutralidade de rede, que é a garantia de que todo conteúdo será tratado sem discriminação ou diminuição do tráfego.

Teza diz que desde a primeira edição da Campus Party o marco civil da internet vem sendo discutido, e não será diferente em Recife. O diretor geral, no entanto, não acredita na imediata aprovação por conta do calendário das eleições municipais deste ano, da qual grande parte dos parlamentares participarão direta ou indiretamente.

“Na realidade, a gente sabe que o tema é complexo e em função do calendário eleitoral do semestre o Congresso não vai ter condições. Eu sei que mais cedo ou mais tarde o Brasil vai chegar a uma conclusão sobre isso.” Ele afirma que independentemente da aprovação de um marco legal para o setor, a internet continuará a funcionar, “mas, ainda assim, é necessário aprimorar as práticas para atingir o equilíbrio entre privacidade, liberdade e responsabilidade”.

Partido Pirata

Na sexta-feira (27), o fundador do Partido Pirata é quem dará palestra aos campuseiros. Rick Falkcinge é ativista social e fundou, na Suécia, o movimento pirata que tem somente três pautas principais: reformar as leis de copyright, abolir o sistema de patentes e defender o direito à privacidade online. Nos primeiros dois dias do lançamento do partido, o site oficial da iniciativa teve mais de 3 milhões de acessos. Hoje, o Partido Pirata já controla cadeiras no Parlamento Europeu, deputados em diversas cidades da Alemanha e já está presente em mais de 30 países, inclusive no Brasil.

Confira a programação completa na página oficial do evento.