Enchentes e falta de limpeza provocam aumento de 61% nos casos de leptospirose em SP

Cresce incidência de leptospirose durante e após enchentes, afirma especialista (Foto: Ronaldo de Souza) Levantamento do Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE) da Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo aponta […]

Cresce incidência de leptospirose durante e após enchentes, afirma especialista (Foto: Ronaldo de Souza)

Levantamento do Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE) da Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo aponta crescimento de 61% no número de casos confirmados de leptospirose na capital paulista no ano passado. Em 2008, o órgão havia registrado 181 casos e, em 2009, o número de registros saltou para 292. O número de óbitos também cresceu: de 36 mortes em 2008 para 42 em 2009.

Em todo o estado, a CVE registrou aumento de 27,5% da doença, mas redução no número de mortes. 86 casos foram registrados em 2008 e 85 em 2009. Os dados de contágio de dezembro de 2009, período de recorrentes enchentes, foram liberados este mês e indicam crescimento de 51% de casos confirmados de leptospirose em todo o estado.

No primeiro mês de 2010, dados parciais do CVE indicam 266 notificações de suspeitas de leptospirose, 24 casos confirmados e um óbito na capital. Mas os números podem mudar, porque os dados são provisórios. Procurada, a Secretaria Municipal de Saúde não se manifestou sobre os bairros mais atingidos pela doença. Cerca de 42 pessoas contraíram a doença em 2010 e cinco morreram em todo o estado.

A doença transmitida pela urina de ratos contaminados com a bactéria Leptospira interrogans está relacionada às condições de limpeza das cidades e tem maior incidência em períodos de enchentes. O próprio site do CVE traz um informe técnico “Verão, estação das chuvas, enchentes e leptospirose”.

De acordo com o médico e pesquisador da Divisão de Moléstias Infecciosas e Parasitárias do Hospital das Clínicas da USP, Evaldo Stanislau Affonso de Araújo, a incidência de leptospirose é maior em áreas cujas condições sanitárias sejam ruins, com acúmulo de lixo e roedores ou em locais em que haja enchentes freqüentes. “Quanto mais saneada a cidade, menor a chance de se contrair a doença”, explica. “Se há mais chuvas, a possibilidade de enchentes é maior e isso predispõe a maior presença e transmissão da leptospirose”, ensina o especialista.

A água contaminada não é o único perigo presente nas enchentes, afirma Araújo. “Além da água, a contaminação pode ocorrer pelo barro que fica após as inundações”. Apesar de mais comum na estação chuvosa, a leptospirose é passível de transmissão durante todo o ano. “Qualquer pessoa que more em região periférica ou que tenha quintal em casa com a presença de rato tem possibilidade de contrair a doença pelo convívio próximo com o roedor”, alerta Araújo.

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