polêmica

Pokémon Go chega ao Brasil para atender Eduardo Paes e ofuscar problemas no Rio

Aplicativo é lançado a dois dias do início dos Jogos Olímpicos; desenvolvedora atende a uma solicitação do prefeito da capital carioca; jogo exclui favelas do Rio do mapa de monstros

Eduardo Woo/Flickr CC

Pokémon Go foi lançado no começo de julho, mas estava disponível apenas em três países

São Paulo – O jogo para smartphone Pokémon Go foi lançado ontem (3) no Brasil para os sistema operacionais Android e iPhone (iOS). O lançamento aproveita o clima de início dos Jogos Olímpicos Rio 2016, o que segundo críticos ofusca os problemas e atrasos que marcam a competição. Como forma de mudar a atenção dos turistas no Rio, o prefeito da cidade, Eduardo Paes (PMDB), pediu, no mês passado, que a desenvolvedora do Pokémon Go, a Niantic, liberasse o game antes do início da competição.

Um dos mais ácidos críticos do jogo virtual foi o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, para quem ele transmite “a cultura da morte, criada pelo capitalismo”, por envolver o jogador em narrativas de violência.

No caso do aplicativo no contexto dos Jogos Olímpicos, o Pokémon Go surge como cortina de fumaça sobre a acomodação precária nos alojamentos da Vila Olímpica, atrasos nas obras, falta de segurança, privatizações de espaços públicos e a poluição da Baía de Guanabara – alguns dos problemas que assolam as Olimpíadas na capital carioca. Alvo de críticas da população carioca e dos competidores, a estrutura dos Jogos foi considerada por chineses – anfitriões em 2008 –  a “pior da história”.

No jogo virtual, um dos pontos de abastecimento de itens (PokéStops) do Pokémon Go é o Estádio Olímpico (Engenhão), palco da vitória na estreia da seleção brasileira de futebol feminino contra a China por 3 x 0, nesta quarta-feira (3). Entretanto, o primeiro jogo foi marcado por falhas na estrutura, com problemas de pintura, rebocos e falta de cestas de lixo dentro da arena.

Alguns Pokémon já são encontrados na Vila Olímpica. Entretanto, além dos monstrinhos, o local é repleto de falhas nos alojamentos e na estrutura. Delegações olímpicas relataram problemas no acabamento e limpeza dos apartamentos destinados aos atletas. Na semana passada, a Austrália decidiu não ocupar o prédio destinado a ela. Os australianos reclamaram de vazamentos, fiações expostas e canos entupidos.

O jogo

O jogo possui realidade aumentada e faz com que os jogadores saiam pelas ruas com os smartphones para caçar os monstrinhos espalhados pelo mundo. O aplicativo usa os dados do Google Maps para mapear os Pokémon, ginásios e PokeStops.

Nova febre no Brasil, o Pokémon Go apresenta um problema no Rio de Janeiro: a exclusão social. As favelas cariocas não estão dentro do mapeamento de localização dos Pokémon. As comunidades aparecem no aplicativo como “áreas verdes”, representando um vazio.

O aplicativo também já causou alguns problemas nos países lançados no mês passado. Acidentes, brigas e uma morte já foram registrados durante a caçada de jogadores aos monstrinhos virtuais.

Mais críticas

Em julho, o diretor americano Oliver Stone criticou o Pokémon Go durante um painel para seu novo filme “Snowden”, nos Estados Unidos. Segundo ele, o jogo é um retrocesso na “cultura de vigilância”. “Isso é o que algumas pessoas chamam de capitalismo de vigilância. É o seu novo palco”, disse. “Vocês vão ver uma nova forma de sociedade robô, onde eles vão saber como você quer se comportar e vão fazer protótipos que combinam com o que você acredita e com o que te completa. Isso é o que se chama de totalitarismo”, acrescentou.

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