Riscos

Nísia afirma em Davos que países devem estar preparados para nova emergência sanitária

Segundo ela, a pandemia trouxe aprendizados, mas é preciso investir em tecnologia, inovação e na redução da desigualdade. Especialmente no desenvolvimento de medicamentos, vacinas e diagnósticos

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Nísia (centro) no Fórum Econômico Mundial: como líder do G20, Brasil propõe 'visão integrada da vigilância de possíveis novos surtos'

São Paulo – “Não sabemos quando nem qual será a próxima emergência sanitária, mas devemos nos preparar para ela. O tempo da resposta política é decisivo”, afirmou a ministra da Saúde, que nesta quarta-feira (17) participou de evento no Fórum Econômico Mundial, em Davos (Suíça).

Ela integrou o painel “Preparando-se para a ‘Doença X'”, que discutiu os desafios para os sistemas de saúde pelo mundo. Nísia insistiu: garantir sistemas que sejam resilientes depende do “tempo da resposta política tanto a nível nacional quanto a nível global”. Nesse sentido, no caso brasileiro a gestão anterior deu uma resposta muito negativa, afirmou, diante da capacidade que o Sistema Único de Saúde (SUS) possui para enfrentar uma emergência sanitária.

Capacidade de resposta

“Temos aprendizados da pandemia, mas precisamos de algumas forças transformadoras para pensar em uma efetiva capacidade de resposta frente a doenças com possível potencial pandêmico”, afirmou a ministra. “É primordial o investimento em tecnologia, inovação e na redução da desigualdade entre os países, especialmente no que se refere ao desenvolvimento e produção de medicamentos, vacinas e testes diagnósticos”, acrescentou.

Líder do G20, o Brasil está propondo uma aliança para incentivar a produção em nível local e regional de insumos para a saúde, lembrou Nísia. “Ao mesmo tempo, é muito importante que haja uma visão integrada da vigilância de possíveis novos surtos, novas epidemias ou riscos pandêmicos. Essa vigilância deve ser vista de uma forma integral, iniciando na atenção primária à saúde e fortalecendo os centros de inteligência epidemiológica do país”, ressaltou a ministra.

Inteligência artificial

Assim, a representante do governo brasileiro também falou sobre o uso de recursos digitais. “Recentemente, foi publicado no Brasil um relatório da Academia Brasileira de Ciências (ABC) avaliando exatamente o papel da inteligência artificial nos sistemas de saúde. Há aspectos positivos que vão desde o diagnóstico até o tratamento e integração de dados para análises de cenários epidemiológicos. Mas, ao mesmo tempo, existe a preocupação tanto com a educação quanto com a melhoria dessas tecnologias nos países em desenvolvimento.”

Ontem (16), também em Davos, Nísia Trindade afirmou que a saúde tem que ser tema prioritário no debate sobre efeitos das mudanças climáticas. E, sem usar o termo, ao falar do Brasil reforçou o que outros ministro chamam de racismo ambiental.

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“Neste início de 2024, as chuvas estão afetando a região Sudeste com impacto diverso na população especialmente nas áreas consideradas mais vulneráveis, mais pobres, de população predominantemente afrodescendente. Então há, sim, uma questão étnico-racial presente. (…) Precisamos organizar programas como o que vamos apresentar agora no Brasil, que é um plano de eliminação dessas doenças que têm forte determinação, a exemplo da doença de Chagas e hanseníase.”